Com salários atrasados, o corpo artístico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro suspendeu os ensaios e as próximas estreias estão comprometidas. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Públicas da Ação Cultural do Estado do Rio de Janeiro (Sintac), ainda não há confirmação para a estreia da ópera Orfeu e Eurídice, de Gluck, prevista para domingo (3).
O presidente do sindicato e integrante do coro do Theatro, Pedro Olivero, informou que, apesar do nome, a instituição é ligada ao governo do estado, que passa por grave crise financeira e vem atrasando o pagamento de diversas categorias. Orquestra, coro e corpo de baile, além de funcionários técnicos e administrativos, fizeram assembleia na manhã desta terça-feira (28) e decidiram manter a paralisação, iniciada sexta-feira (24).
De acordo com Olivero, não se trata de greve, mas falta de condição de ir para o trabalho. “Está acontecendo com artistas e funcionários do Theatro a mesma coisa que com os demais funcionários do estado. A gente está sem receber o salário de maio. Recebemos menos da metade do que tinha de ser pago. Seria pago no dia 1º de junho, que passou para 10, que passou para 14 e que não foi pago em sua totalidade. A gente já está entrando no mês de julho e não tem previsão de quando esse pagamento vai sair.”
Ensaios
De acordo com o presidente, diante da promessa de pagamento os ensaios ocorreram até quinta-feira (23). Mas, como o dinheiro não caiu na conta, a paralisação teve início.
“A maioria dos funcionários, músicos, cantores, está na mesma situação: sem dinheiro para ir trabalhar. Aí não tem como continuar os ensaios. Não é greve. É paralisação até que o restante do salário seja pago. Não somos a favor da greve. Somos artistas. Nosso prazer é cantar, dançar, tocar, embora achemos que a greve seja legítima também. Mas, no nosso caso, trabalhamos de forma diferenciada”.
São cerca de 350 pessoas no corpo artístico do Theatro Municipal e outros 150 técnicos administrativos, que têm se revezado para manter o prédio funcionando, já que ele é alugado para outros eventos e espetáculos. Conforme Olivero, até essas atividades podem ser suspensas por falta de verba para manutenção.
Fundação
“Tem prêmios, outras orquestras, outros espetáculos. Tem de ter gente na portaria para abrir o teatro, brigada de incêndio, gente que cuida do ar condicionado. Os funcionários técnicos e administrativos têm de fazer o rodízio para manter o teatro funcionando. Isso até o dia que não der também, porque o governo não está repassando o dinheiro para manutenção da casa. São R$ 600 mil por mês para manter o teatro aberto. No início do mês passou R$ 120 mil e agora nada.”
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