Belas paisagens cariocas, reconhecidas no mundo inteiro, já foram estampadas em diferentes notas de dinheiro que circularam no Brasil no fim do século XIX e início do século XX. As imagens feitas pelo fotógrafo francês Marc Ferrez (1843-1923) foram recentemente descobertas no Museu de Valores do Banco Central, em Brasília.
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Após uma busca no acervo por fotos do autor, a equipe reencontrou dezesseis fotografias capturadas entre 1875 e 1908 e uma litografia feita com base em um registro do fotógrafo e pintor francês Victor Frond. Ainda em um bom estado de conservação, as fotos foram digitalizadas e disponibilizadas on-line.
“As fotos já constavam no registro do museu, mas como nós abrigamos 135 000 peças no acervo, não nos lembrávamos do conteúdo das imagens. Encontrar as fotos foi uma ótima surpresa, porque agora podemos planejar uma futura exposição”, conta a chefe do Museu de Valores, Karla Valente.
Os cliques históricos retratam cartões-postais da cidade, como o Corcovado, o Pão de Açúcar, a Praia de de Botafogo, o Jardim Botânico, o Morro do Castelo, que já não existe mais, o Cais do Porto e as Praça XV e Tiradentes. Uma das fotos também foi tirada em Niterói, com a vista da Pedra de Itapuca.
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Notas de 2 mil-réis, por exemplo, ganharam a estampa da alameda central do Jardim Botânico, da Rua 1º de Março e da Praça XV. Em outras duas cédulas de 50 mil-réis, estão representados o Canal do Mangue e a Quinta de São Cristóvão, atual Quinta da Boa Vista, com o Museu Nacional.
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Um fato curioso é que um registro do fotógrafo Marc Ferrez feito na Praça XV, em 1880, foi reproduzida em notas de 2 mil-réis tanto nos tempos do Império quanto na República.
As obras foram compradas pelo Banco Central em 1980. Quem vendeu o material foi Gilberto Ferrez, neto do fotógrafo. Na época, foram pagos Cr$ 200 000,00 por todo material, o que hoje equivale a mais de R$ 36 000,00.
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Nascido no Rio, Marc Ferrez foi um dos mais importantes fotógrafos brasileiros nos anos XX. Além de registrar a cidade, também percorreu e fotografou transformações em outros lugares do país, em viagens junto à Comissão Geológica do Império do Brasil (1875-1878).
Ainda sem uma previsão de quando serão expostas, as imagens seguem guardadas em uma das casas fortes do Banco Central. No cofre, vigiado por câmeras, as fotos permanecem fechadas em um armário e envoltas em um envelope com papel pardo.
A chefe do museu afirma que hoje já existem formas mais modernas de conservação dos documentos, como o uso do Mylar, uma película parecida com um plástico que permite a preservação contra a luz e o calor.
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“Apesar de ser uma forma mais antiga de conservação, o papel pardo também tem a vantagem de preservar as fotos da iluminação, que é um dos principais fatores que causam a deterioração das fotos. Por esta razão nós encontramos as fotos tão bem conservadas”, explica Karla Valente.
Karla conta que a vivacidade das fotos chamaram a sua atenção. Na opinião dela, a imagem mais instigante não contém a paisagem mais deslumbrante da cidade, mas tem características históricas.
“Eu achei muito interessante o traje do homem que observa a estátua de Dom Pedro I, com o chapéu-coco, como se fosse um Carlitos, o famoso personagem de Charlie Chaplin, carioca”, descreve.