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“A Barra é hoje uma minicidade”, afirma o subprefeito Raphael Lima

Em entrevista a VEJA Rio, Lima fala dos avanços do bairro nos últimos anos e seus desafios — entre eles, aliviar o trânsito cada vez mais intenso na região

Por Marcela Capobianco
19 Maio 2023, 06h00
Raphael Lima: atenção aos impactos viários de empreendimentos e eventos
Raphael Lima: atenção aos impactos viários de empreendimentos e eventos (./Divulgação)
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Nascido em Jacarepaguá, mas apaixonado pela Barra desde os 7 anos, quando passou a cruzar a Avenida das Américas todos os dias para ir à escola, Raphael Lima não teve um dia de folga desde que assumiu a subprefeitura da Barra, Recreio e Vargens. Homem de confiança do prefeito Eduardo Paes, ele recebeu trânsito livre nas secretarias para fazer o seu trabalho — e as iniciativas implantadas desde 2021 já estão dando frutos: a Barra conquistou o primeiro lugar no Índice de Progresso Social, elaborado pelo Instituto Pereira Passos (IPP), que leva em conta necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e as oportunidades às quais os moradores têm acesso.

Engajado em questões ambientais, Lima mantém o otimismo em relação aos programas de despoluição das lagoas da Zona Oeste e defende o diálogo com o Ministério Público e donos de quiosques para desatar os nós que freiam o avanço da orla. E acrescenta: “Entre os grandes desafios está o de aliviar o trânsito cada vez mais pesado na região”, observa o subprefeito, empenhado em melhorar a rotina de quem vive no vaivém.

Quais avanços foram decisivos para que a Barra chegasse ao topo do Índice de Progresso Social do Rio? Diversos centros empresariais abriram as portas, boas opções de moradia foram construídas, o metrô chegou ao Jardim Oceânico. A Barra é hoje uma minicidade, com hospitais de ponta, excelentes escolas, centros culturais, um vasto comércio e bons restaurantes. Esse boom de opções, porém, acabou adensando a região, o que nos traz alguns desafios, como o trânsito intenso.

O que é possível fazer a curto prazo para desafogar as ruas? Na Avenida das Américas, certos retornos foram alargados para melhorar a mobilidade. Também há um projeto para implementar mais pistas no viaduto entre a Vila do Pan e o Uptown, na entrada da Linha Amarela. É importante olhar com cuidado para as entradas e saídas do bairro, já que grande parte das pessoas que circulam na Barra em horário comercial mora em outros bairros.

“A Avenida das Américas tem registrado um fluxo de 150 000 carros por dia, enquanto pela Avenida Brasil passam 180 000 veículos”

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E no longo prazo, o que fazer para equacionar de vez o problema? Os cariocas nos cobram a expansão do metrô, mas essa competência é estadual. Algo que está nos nossos planos é a viabilização de um VLT na faixa de concreto do BRT. Seria uma parceria entre a prefeitura e o BNDES, que está em fase de estudos.

Em que medida o transporte nas lagoas pode ajudar a resolver os gargalos do trânsito no bairro? Na minha visão, o serviço vai ser um mix entre turismo e necessidade. Há diversos condomínios localizados na beira das lagoas e alguns até já têm suas próprias balsas. Pense no Península. Milhares de moradores poderiam ir até o metrô de barco, em vez de pegar um carro.

A região tem potencial para atrair mais eventos do porte do Rock in Rio? Sim, mas sempre com muito critério e planejamento. O Rock in Rio é uma verdadeira operação de guerra, que envolve quase todos os setores da prefeitura e gera impacto na rotina dos moradores. O prefeito nos cobra muito essa organização e chegou recentemente a negar alguns eventos no Parque Olímpico.

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Por quê? Justamente por entender que se requer trabalho e planejamento para evitar um possível caos. Um desses eventos seria durante o Carnaval, época em que o efetivo da Guarda Municipal e da CET-Rio é deslocado para a Sapucaí e o Centro, que abriga os megablocos. A prefeitura avaliou que não conseguiria prestar um bom serviço do outro lado da cidade, então o mais adequado foi negar o pedido.

Na última década houve vultosos investimentos na infraestrutura hoteleira motivados pela Olimpíada de 2016. Qual a estratégia para consolidar a Barra como um destino turístico? Nosso papel principal é cuidar bem da região para que ela se mantenha atrativa e continue recebendo congressos internacionais, com o Web Summit, que aconteceu no início do mês. As estações do BRT próximas ao Riocentro estavam destruídas. Conseguimos recuperá-las e, assim, oferecer uma opção de transporte público para quem vem de fora. No Recreio, com a dragagem do canal do rio Morto e a remoção das gigogas da Lagoinha, estamos controlando a infestação de mosquitos que há anos atormenta a região, beneficiando moradores e turistas. São medidas de várias naturezas.

A iniciativa privada, através da concessionária Iguá, atuará na despoluição das lagoas da Barra. Quando já poderão ser vistas mudanças? Apesar de ser uma concessão estadual, acompanho de perto cada ação. As estações elevatórias que bombeiam o esgoto para o ponto principal da Avenida Ayrton Senna estão recebendo geradores. Antes, caso houvesse queda de energia, a bomba parava e o esgoto desaguava direto no canal. É inconcebível. A concessão também prevê um investimento de 250 milhões de reais na dragagem das lagoas, que viabilizará algumas linhas do transporte lagunar.

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Pesquisas mostram que a Barra liderou a compra e a venda de imóveis em 2022. Ainda há espaço na região para crescer? Com certeza. As avenidas das Américas, Lucio Costa e Ayrton Senna têm terrenos disponíveis, mas os proprietários não querem vender. É um direito deles, né? O que estamos fazendo é analisar com cuidado o impacto viário de cada novo empreendimento imobiliário, muitas vezes exigindo uma contrapartida, como a concepção de retornos e agulhas de trânsito.

No último verão, alguns quiosques tiveram parte de suas estruturas removida, mas os proprietários alegam que não há uma comunicação clara sobre o que pode ou não ser feito. De que forma o impasse está sendo resolvido? O que fizemos foi derrubar expansões ilegais. Preparamos uma resolução conjunta com as secretarias da Casa Civil e de Meio Ambiente para abrir um diálogo com os quiosques. A ideia é que, a partir de agora, cada empreendedor possa solicitar à prefeitura um aumento da área que ocupa, mediante o pagamento de uma taxa.

Durante muito tempo a Barra era vista como um bairro de menos prestígio que seus vizinhos mais tradicionais da Zona Sul. A região ainda fica a dever? Os números, a exemplo do Índice de Progresso Social, falam por si só. Não devemos nada. É claro que não posso tapar o sol com a peneira e ignorar os problemas e desafios. Há muito a avançar, sim, mas também há motivos de sobra para comemorar.

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