O secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, definiu como “trágica e indefensável” a ação policial que resultou na morte de cinco jovens em Costa Barros, na zona norte da capital fluminense, na noite de sábado (28). Segundo Beltrame, a denúncia de que os policiais tentaram forjar a cena do crime será um “sobrepeso” na acusação.
O crime aconteceu quando cinco policiais dispararam mais de 50 vezes contra o carro no qual os rapazes – de 16 a 25 anos – voltavam do Parque de Madureira, área de lazer na zona norte carioca.
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“A ação foi absolutamente exagerada e desnecessária e essas pessoas vão responder criminalmente e administrativamente por isso. Acredito que, possivelmente, os policiais poderão ser expulsos da corporação. Eles agiram de forma homicida. Mas esse não é um processo sumário, ele demora porque os acusados têm direitos de defesa baseados na nossa Constituição”, disse o secretário, em entrevista nesta segunda-feira (30), após a divulgação de dados de incidência criminal de jovens e adolescentes pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão vinculado à secretaria.
O secretário afirmou que a matança não decorreu da má formação policia, mas da “falta de caráter” dos PMs. “Nas escolas de polícia, a primeira lição que se aprende é que se deve usar armas quando a nossa integridade física ou a de terceiros são ameaçadas. Temos que capacitar policiais que tenham compromisso com a sociedade e, no caso desses policiais, falta esse elemento importante. O caráter se forma na vida, não há capacitação que resolva”, declarou.
Beltrame informou que o governo estadual planeja instalar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na região de Costa Barros, uma das áreas mais violentas da região metropolitana do Rio, depois das Olimpíadas de 2016.
Os dados divulgados pelo ISP mostram que as autuações em flagrante de adolescentes de 12 a 17 anos por envolvimento com drogas aumentaram 300% entre o primeiro semestre de 2010 e o segundo semestre de 2014. Entre os anos de 2010 a 2014, essas infrações foram responsáveis por quase metade das autuações dos adolescentes (43,3%).