Fim de uma era: criado há trinta anos, o tradicional bloco Escravos da Mauá anunciou que não irá mais desfilar. Em sua página no Facebook, o bloco divulgou uma carta aberta que revela que a festa anunciada para o dia 17, no Circo Crescer e Viver, marca o encerramento de um ciclo para o cortejo.
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Na mensagem, os fundadores do bloco lembram que, quando resolveram criá-lo, em 1992, a Praça Mauá era um lugar bem diferente do que é hoje. “Onde hoje está o Museu do Amanhã havia um píer interditado, abandonado. Um terminal rodoviário e uma delegacia da polícia civil ocupavam o prédio onde atualmente navega exuberante o MAR, Museu de Arte do Rio. O elevado da Perimetral e os maltratados armazéns portuários escondiam completamente a vista da Baía de Guanabara“, enumera o texto.
“Nosso bloco não foi o autor dessas mudanças. Mas nos orgulhamos de ter contribuído para que a região, a gente e a história do lugar fossem percebidas no seu verdadeiro valor, com o reconhecimento merecido por tantas lutas inglórias“, diz outro trecho.
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Eles afirmam acreditar que é preciso dar espaço para novas iniciativas na região. “Vemos assim com alegria, fé e muita esperança a chegada desses novos ares que trarão, certamente, espaços que precisam ser ocupados, desafios que atrairão novas paixões e a garra de muita gente jovem. Novos protagonistas, com a força e a legitimidade que são imprescindíveis para um novo tempo“, prossegue a carta. A íntegra do texto pode ser lida no site do Escravos da Mauá.
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O bloco Escravos da Mauá foi fundado em 1992 por um grupo de amigos, quase todos funcionários do INT — Instituto Nacional de Tecnologia, que tem sede na Avenida Venezuela, nos arredores da Praça Mauá, então uma região degradada e um tanto esquecida pelo poder público. O primeiro desfile aconteceu no Carnaval de 1993. O cortejo percorria as ruas do bairro da Saúde e seu nome faz referência ao fato de que o Cais do Valongo, que fica na região, foi o maior porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas.
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A Zona Portuária hoje passa por um resgate da importância de sua história, sendo parte da chamada Pequena África. Depois da proibição do tráfico negreiro, em 1831, a região se tornou um lugar que acolheu negros de diversos lugares do país. Ali, floresceu boa parte da cultura da cidade.
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A despedida do bloco acontece no Circo Crescer e Viver (Rua Carmo Neto, 143, Cidade Nova), dia 17 de setembro, das 17h às 23h. As entradas custam de 10 a 20 reais, à venda pelo Sympla.
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