Existe coisa melhor do que passar o dia na praia, observando o vaivém dos banhistas e, eventualmente, dar algumas braçadas? Sob esse ponto de vista, a profissão de guarda-vidas na orla do Rio seria o melhor emprego do mundo. No entanto, a rapaziada de short preto e camiseta vermelha que anda para lá e para cá na areia suou muito para chegar ali. A preparação é tão pesada que, ao concluí-la, os participantes poderiam disputar provas esportivas de resistência. É justamente o que tem feito o capitão Cássio Julian da Silveira, 29 anos. Há três meses, ele brilhou nos Jogos Mundiais de Policiais e Bombeiros, competição com 7?000 integrantes realizada em Belfast, Irlanda do Norte. Silveira levou o ouro na modalidade Ultimate Firefighter, que envolve quatro desafios. Venceu todos e cravou recorde em dois ? no que simula o arrombamento de uma porta de aço para o “salvamento” de um boneco de 90 quilos, missão que cumpriu em 35 segundos, e na subida de três andares por escadas para apagar um foco de incêndio, tarefa realizada em 58 segundos. Ao todo, ele concluiu as provas dez segundos antes do segundo colocado. “Adoro competir. Desde os tempos de garoto, já disputava eventos esportivos no Colégio Militar”, diz. Para manter a forma, ele nada 8 quilômetros no mar e corre mais 2 na areia antes do início do expediente na sede do Grupamento Marítimo (GMar), na Barra. Os guarda-vidas são o que se pode chamar de tropa de elite do Corpo de Bombeiros. Antes de assumirem o posto, eles enfrentam um treinamento de sete meses que inclui aulas de natação, primeiros socorros e salvamento no mar. Nosso medalhista no Ultimate Firefighter recorda que, em um teste de resistência do curso, passou quatro horas ininterruptas dentro da água, sem poder tocar os pés no fundo. “É muito cansativo, mas vale o sacrifício. Não há nada melhor do que salvar uma vida”, diz Silveira, que hoje atua como instrutor no curso de formação de guarda-vidas. Ali já deu aula para os colegas durões do Batalhão de Operações da Polícia Militar (Bope). Mas sua maior ambição é tornar-se triatleta. Só falta tempo para se dedicar às pedaladas. “Quem sabe depois de aposentado não disputo um Ironman?”, arrisca. Chance ele tem.