Uma conduta agressiva, seja física, seja verbal, que ocorre de forma repetitiva, sem motivação evidente, executada por um ou vários estudantes contra outro, em uma relação desigual de poder. Assim pode ser definido o bullying. Os alvos normalmente são crianças e adolescentes tímidos, quietos, inseguros e incapazes de reagir aos atos. Os jovens experimentam grande sofrimento, o que pode interferir em seu desenvolvimento social e emocional. Muitas vítimas não buscam ajuda por medo. E uma agravante é que a maioria dos ataques ocorre na presença de professores. Muitas vezes, os mestres minimizam, ridicularizam e subestimam o problema. Trata-se de um tema preocupante, mas existem exageros por parte de pais que decidem, por exemplo, registrar boletins de ocorrência na delegacia e tentam levar os casos diretamente à Justiça, em vez de fazer um esforço para resolvê-los com a escola.
“A identificação precoce do comportamento nos colégios possibilita uma intervenção terapêutica, a fim de evitar maiores prejuízos na vida acadêmica e social dos alunos”
A identificação precoce do bullying nos colégios possibilita uma intervenção terapêutica, a fim de evitar prejuízos na vida acadêmica e no relacionamento dos alunos envolvidos. Quadros mais graves podem estar ligados a transtornos comportamentais, nesses casos valendo a indicação de avaliação psiquiátrica. A instituição de ensino precisa fazer sua parte ao passar uma mensagem clara a todos os jovens de que tal atitude é inaceitável. Desrespeitar a regra de convivência envolve o risco de sofrer consequências disciplinares. Programas anti-bullying devem ser criados de forma sistematizada nas instituições, objetivando a orientação dos pais, professores e estudantes para o desenvolvimento de estratégias contra o problema. Isso é mais eficaz do que procurar os tribunais. Não é a canetada de um juiz que resolverá algo tão complexo.
* Psiquiatra especialista em infância e adolescência, palestrante e autor de livros como Manual dos Transtornos Escolares