Cariocas e turistas vão poder pegar uma carona para o conhecimento em um caminhão adaptado para receber experimentos interativos de abordagem científica e projetos de artes visuais. O Busão das Artes começa a circular pelas ruas do Rio no final de novembro. E foi idealizado para que seus passageiros olhem para dentro. A bordo dele será possível descobrir, com um toque de humor, que há mais de um quatrilhão de bactérias na Terra, das quais 100 bilhões habitam o corpo humano, e 99,99% ainda sequer foram descobertas. Entre os pontos previstos de parada, estão a Praça Mauá, o Parque Madureira, a Praça Santos Dumont e o Complexo da Maré.
A iniciativa apresenta duas vertentes: uma ambiental, que trata das bactérias e de seu papel em nosso ecossistema; e outra científica, que aborda nosso conhecimento sobre o organismo humano. E quem guia o visitante por esse universo tão rico e pouco explorado está invisível aos olhos: fungos e bactérias.
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A viagem em forma de busão saiu das cabeças do curador e criador interdisciplinar Marcello Dantas e do físico Luiz Alberto Rezende de Oliveira, ex-curador do Museu do Amanhã. Segundo Dantas, em razão da pandemia da Covid-19, as pessoas acabaram aprendendo mais sobre uma série de processos não perceptíveis a olho nu, mas que mudam o curso da história. Essa dimensão microbial, seja do fungo, da bactéria ou do vírus, está ativa e tem muito a nos dizer: “É preciso inocular na cabeça das pessoas a consciência sobre essas dinâmicas e usar a arte como plataforma para entender as forças que estão em constante relação”, afirma ele, para quem o Busão traz a proposta de funcionar como uma espécie de realfabetização sensorial e cognitiva, para apresentar um conceito original do século XXI: a diversidade integra unidades.”Não podemos falar apenas em seres diversos. Cada um desses seres é, em si, uma fonte de diversidade”, defende.
Coube a três mulheres a realização do projeto: Renata Lima, que dirige a Das Lima Produções; e a dupla Luciana Levacov e Lilian Pieroni, da Carioca DNA. De acordo com Luciana, o objetivo é educar, humanizar e sensibilizar, abordando dois temas urgentes e atuais, ciências e meio ambiente: “Esse projeto acontece em praças e outros espaços públicos, gratuitamente, e está aberto a todes. Uma equipe capacitada de mediadores e arte educadores irá atender e aprofundar os conteúdos apresentados. Procuramos sempre buscar qualidade de vida e tornar a cidade um ambiente vivo”.
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Quem for ao Busão poderá conferir, por exemplo, a mais completa biometria de um ser humano: a microflora do umbigo (mais identitária do que qualquer outra forma de tornar único um indivíduo). Ela está representada nas fotos do artista plástico Vik Muniz que, em parceria com o engenheiro biomédico Tal Danino, fez retratos bacteriológicos de personalidades brasileiras. Outra artista, Susana Queiroga, propõe um mergulho no habitat das bactérias, com uma instalação que permitirá ao visitante interagir com uma simulação do ambiente desses seres microscópicos. Lá dentro também será possível saber quanto pesam os micróbios existentes no organismo de um indivíduo, através de uma balança que calcula o peso não-humano.