O resultado catastrófico de um teste em amostras da água da Baia de Guanabara, divulgado na semana passada pela agência de notícias Associated Press, acendeu o sinal de alerta sobre a disputa das provas de vela na Olimpíada do Rio. Os altos níveis de bactérias e vírus somados ao lixo boiando na superfície do mar ganharam as manchetes de jornais em todo o mundo, como o caso do inglês The Guardian e o americano The New York Times. Diante da repercussão da falida promessa do estado em despoluir o importante trecho do litoral carioca cogitou-se a hipótese da mudança da competição para Búzios. A ideia foi rapidamente apoiada pela cidade e um movimento surgiu entre empresários e políticos da cidade balneária.
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A Associação de Hotéis, a Associação Comercial e o Convention Bureau de Búzios se uniram, com a benção da prefeitura local, numa campanha para levar as provas dos jogos olímpicos para suas águas. O movimento #VelaEmBúzios2016 já tem logomarca e fanpage no Facebook. Lá é possível inclusive assinar uma petição on-line apoiando a iniciativa. “Torcemos pela despoluição da Baia de Guanabara, mas diante dos problemas, Búzios se coloca a disposição da organização da Olimpíada para que as provas de vela sejam disputadas aqui”, afirma o prefeito André Granado, que negou a intenção em constranger o comitê organizador Rio 2016. “Tudo será feito com respeito”, garante.
Apesar do discurso diplomático já está sendo organizada uma barqueata em prol da campanha. No sábado (8), embarcações vão deixar o Cais dos Pescadores, na Praia da Armação, e navegarão até o Búzios Vela Clube, na Praia de Manguinhos, onde são tradicionalmente disputadas as regatas. “Estamos buscando audiências com as autoridades estaduais e federais, além dos comitês organizadores, para demonstrar que Búzios está pronta para receber as competições de vela em 2016”, afirma Thomas Weber, vice-presidente do Búzios Convention & Visitors Bureau.
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A favor da candidatura de Búzios contam a infraestrutura hoteleira, com 12 mil leitos, o polo gastronômico, a disponibilidade de uma área de 450 mil metros quadrados para a instalação dos equipamentos das provas e a experiência em sediar competições do esporte. No entanto, a mudança geográfica alteraria a dinâmica das provas já que as condições para velejar são bastante distintas. Segundo um atleta, que preferiu não se identificar, a ideia não deveria ser nem cogitada. “Todos os anos, vários velejadores vem ao Rio. Não houve casos de ninguém doente. Obviamente é desagradável todo aquele lixo, mas é preciso manter no Rio para pressionar o governo a despoluir a Baia. A ideia sempre foi esta”, afirma.
Apesar do reboliço armado em Búzios, oficialmente não há nenhum indicativo de que as competições possam mudar para a Região dos Lagos.