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Cachorro inteligente: em um ano, número de border collies dobra no Rio

Considerada a raça mais esperta do mundo, o cão border collie é muito ativo e precisa de bastante interação com seus donos

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 17 mar 2020, 18h20 - Publicado em 6 mar 2020, 12h00
Border Collie: energia, disposição e facilidade de aprender. Os amigos Pedro e Francesco sabem disso. E adoram (Leo Lemos/Veja Rio)
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Quanto mais aumenta o interesse por cães de estimação, mais rapidamente muda a preferência por essa ou aquela raça. No momento, o Rio de Janeiro anda apaixonado pelo border collie, um cachorro simpático e ativo, pouco menor que a collie Lassie, da série de televisão dos Estados Unidos que ficou vinte anos no ar. O border collie tem uma atração adicional: ele aparece em honroso primeiro lugar no ranking de inteligência canina elaborado pelo professor de psicologia americano Stanley Coren, o papa do assunto, com base em pesquisa com adestradores e árbitros de shows profissionais.

No quesito quantidade de repetições necessárias para aprender comandos como dar a pata, deitar e sentar, ele precisa de, no máximo, cinco (há os que requerem 100) e, em 95% dos casos, acerta de primeira. “O curso básico de adestramento dura, em média, quatro meses, mas os border collies costumam concluí-lo em três. Além disso, são capazes de entender mais de 1 000 palavras ao longo da vida”, diz Vanessa Manhães, adestradora do Sr. & Sra. Pet.

Em 2019, o número de border collies do Rio cadastrados na plataforma DogHero, que conecta donos de animais a pet sitters e anfitriões, praticamente dobrou, desbancando outras raças notoriamente queridinhas entre os cariocas, como golden retriever e buldogue francês. “Eles são muito dóceis, obedientes e companheiros. A Valentina já subiu a Pedra Bonita e o Morro Dois Irmãos e fez várias trilhas comigo na Praia do Sono”, conta o administrador Francesco Carnevale, dono da mascote, de 5 anos.

Há pouco mais de dois anos, a cadela deu cria. Um dos filhotes ficou com Francesco, e os outros nove irmãozinhos foram doados a familares e amigos, como Pedro Schettino, que adotou uma fêmea da ninhada. “Além de ser esperta, a raça adora se movimentar, acompanhar pessoas em atividades ao ar livre e ainda se adapta muito bem ao calor. Ou seja, é perfeita para o clima e a geografia cariocas”, afirma o veterinário Tito Araújo, um dos sócios do Canil King Border, em Vargem Grande. Em alta, cada filhote dessa raça é vendido por 4 500 reais, e há lista de espera para as próximas ninhadas.

Border Collie
Border Collie: Pedro Schettino tinha o Nero e Francesco Carnevale, a Valentina. Os cachorros cruzaram e tiveram dez filhotes, que foram doados a amigos e familiares (Leo Lemos/Veja Rio)
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Os border collies descendem de cães que acompanhavam os romanos e os vikings em suas campanhas. Há registros dos séculos XV e XVI que mostram esses cachorros ajudando a pastorear bois e ovelhas nas Ilhas Britânicas, em regiões próximo à Escócia e ao País de Gales — daí o termo border, fronteira em inglês, para designá-los. Mesmo sendo tão antiga, a raça só foi reconhecida internacionalmente pelo American Kennel Club em 1995.

Esse foi justamente o ano de sua consagração: em Babe, o Porquinho Atrapalhado, indicado ao Oscar de melhor filme em 1996, vencedor do Globo de Ouro e um dos longas mais vistos na época, um excêntrico suíno tem certeza de que é, na verdade, um cão de pastoreio como a border collie Fly, moradora da mesma fazenda.

No Brasil, os primeiros registros da raça datam da década de 90, quando pecuaristas do interior de São Paulo e Rio Grande Sul começaram a importar exemplares da Europa. Hoje, os border collies também são considerados os melhores competidores de agility, circuito composto de obstáculos que deve ser percorrido pelo animal no menor tempo possível.

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Se por um lado essa raça esbanja inteligência e rapidez, por outro ela tem a característica marcante de ser hiperativa. “O border collie é capaz de ficar o dia inteiro soltando a bolinha para o dono jogar. Ele não para”, diz o zootecnista Alexandre Rossi, da empresa de adestramento Cão Cidadão. Não é raro que filhotes sejam devolvidos por causa do excesso de energia. “Não pense que, por ser inteligente, o cachorro vai ficar quietinho em casa. Ele demanda atenção e precisa praticar atividade física com regularidade. É praticamente um personal trainer canino”, brinca a adestradora Vanessa.

CDFs x Turma do Fundão

Depois dos border collies, as raças mais inteligentes, segundo o ranking do professor americano Stanley Coren, são poodle, pastor-alemão e golden retriever. Em 95% dos casos, obedecem aos donos ao primeiro comando dado. Lá na lanterninha do ranking estão buldogue inglês, chow-chow, pequinês, beagle e shih-tzu. Para aprenderem um novo comando, alguns animais precisam repetir até 100 vezes o exercício.

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