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Cais do Valongo é candidato a patrimônio da humanidade

As relíquias encontradas no sítio histórico, no entanto, correm perigo, pois estão guardadas em uma região dominada por traficantes

Por Pedro Tinoco
Atualizado em 1 jul 2017, 00h39 - Publicado em 1 jul 2017, 00h38
O espaço preservado: ponto turístico, fonte de estudos e referência cultural  (Selmy Yassuda/Veja Rio)
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O encontro anual chega à 41ª edição neste domingo (2). Na polonesa Cracóvia, representantes de 21 países, membros do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), vão trocar ideias até o dia 12. Um item em pauta é coisa nossa: a avaliação da candidatura do Cais do Valongo ao título de patrimônio da humanidade. O Rio, já consagrado pelo Comitê na categoria paisagem cultural, pode vir a ter presença dupla na seleta lista. Salta aos olhos, no entanto, a distância entre os bens cariocas em questão. Um é a maravilha de cenário entre a montanha e o mar, escolhida em 2012. O outro, um marco de enorme importância histórica e triste lembrança. Calcula-se que a região do Cais do Valongo tenha sido a porta de entrada de pelo menos a quarta parte dos 4 milhões de africanos sequestrados, escravizados e trazidos para o Brasil. As pedras desse monumento à barbárie foram escondidas com a construção do Cais da Imperatriz, em 1843, para a recepção de Teresa Cristina de Bourbon, mulher de dom Pedro II. E, ao longo do processo de urbanização da cidade, desapareceram sem deixar rastro. Em 2011, escavações arqueológicas feitas antes das reformas da região portuária desenterraram o hoje candidato a patrimônio da humanidade. Restaurado, e devidamente conservado como o sítio histórico que é, o espaço virou ponto turístico, fonte de estudos e referência cultural. Não muito longe dali, em um galpão próximo ao Morro da Providência, adornos, cachimbos, pedaços de louça e outras peças resgatadas das escavações estão ao deus-dará. Faltam segurança na área, dominada pelo tráfico, e dinheiro para que saia do papel o Laboratório Aberto de Arqueologia Urbana, projeto desenvolvido na gestão Paes, fruto de um termo de ajustamento de conduta assinado entre a prefeitura, o Iphan e o Ministério Público Federal. O Patrimônio Mundial tem, hoje, 1 052 itens — de acordo com a Unesco, 55 deles correm perigo. Congo, Líbia e Síria são os países com o maior número de tesouros ameaçados. Em qual lista queremos entrar? Na maior ou na menor?

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