Neste domingo (13) mais um capítulo na conturbada volta às aulas da rede privada no Rio mexeu com pais e instituições de ensino. Uma nova decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 1ª Região autorizou que os estudantes retornem às escolas a partir desta segunda (14). No plantão do judiciário do TRT, o desembargador Carlos Henrique Chernicharo suspendeu os efeitos da liminar que impedia a retomada, prevista em decreto do estado desde agosto para os ensinos fundamental e médio, atendendo ao pedido do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe-RJ).
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O Sinepe, por sua vez, distribuiu aos estabelecimentos uma nota sobre o retorno presencial reforçando a necessidade de seguir os protocolos de saúde estabelecidos pelas autoridades, como a troca de máscaras a cada três horas, higienização constante de carteiras e mesas e escalonamento dos horários de entrada e saída dos alunos.
Com isso, instituições que esperavam há tempos pela retomada, a exemplo da Escola Nova, com unidades na Zona Sul (a do Jardim Botânico, destinada à educação infantil, segue fechada por determinação), reabriram as portas após a permissão nesta amanhã, cercadas de cuidados. No endereço da Gávea regressaram as turmas do 1º, 4º, 5º, 8º e 9º do ensino fundamental, além do 3º do ensino médio.
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“Estávamos superpreparados para a volta. Assim que avisaram que a data era dia 14 fizemos os reajustes finais e, neste domingo, tivemos só o trabalho de avisar aos pais e educadores. Foi muito bom, todo mundo curtindo, completamente à vontade por aqui. Volta quem quiser. Aqueles que não puderem ou não se sentirem confortáveis seguem tendo aulas de casa, com o mesmo conteúdo. Não vou me responsabilizar pela saúde de ninguém. Respeito muito a decisão de professores e alunos que preferirem não vir”, garante a diretora Verinha Affonseca.
De 1 000 alunos matriculados, com capacidade para receber 30% neste primeiro momento, 110 alunos compareceram no primeiro turno desta segunda (14). É que, por ora, houve também um escalonamento de níveis de turmas para o regresso.
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“Colocamos tapetes sanitizantes, fizemos aferição de temperatura, todos os filtros, pias e bebedores ganharam pedais. Temos monitores novos para aulas síncronas. Entrada e saída tiveram fila e distanciamento. Foi lindo de ver”, conta Verinha, que ainda não abriu a cantina e nem a van neste início. “Fizemos um trabalho de conscientização com as famílias. Pedimos para trazer lanche de casa e eles comem em sala. Também os liberei do uniforme, a fim de que a roupa esteja sempre limpa e impecável, caso eles não tenham muitas unidades. Estou fazendo de tudo para evitar empecilhos nesta retomada”, continua a educadora.
Entre as escolas cariocas, o Andrews, no Humaitá, está previsto para retornar às salas em outubro. O São Bento, por sua vez, prevê a volta para 21 de setembro. A Escola Britânica pretende retomar neste mês, tão logo os advogados sinalizarem que está tudo nos conformes para a volta presencial.
Preparado para voltar na quarta (16), o Colégio Inovar Veiga de Almeida. Entre as medidas adotadas estão, além da segmentação por série, uma triagem: os alunos que utilizarem transportes públicos – vans públicas, ônibus, transporte escolar, Uber ou táxi, por exemplo – deverão portar sempre uma muda de roupa do uniforme dentro da mochila. Quando chegarem à escola, deverão realizar a troca de roupa e a higienização de partes do corpo que estavam expostas. Todos receberam ainda uma máscara face shield. Além desta, deverão utilizar as máscaras de pano por baixo e trocá-las.
Integrante do Grupo SEB, o AZ se prepara para retomar atividades presenciais do colégio (turmas do ensino fundamental e médio) no fim de setembro. Primeiramente, com o 3º ano do ensino médio a partir do dia 28 e as demais séries durante o mês de outubro. “Tivemos reuniões com professores para apresentação de todos os protocolos de segurança, sempre lembrando que aqueles que fazem parte do grupo de risco não vão retornar. Quanto aos estudantes, quem vai decidir se o aluno retorna ou não à escola serão os pais e responsáveis”, afirma Felipe Sundin, Diretor Geral do Colégio e Curso AZ, que teve a consultoria do Grupo Einstein.
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Na última quinta (10), em ação do Sindicato dos Professores (Sinpro-Rio), a 23ª Vara do Trabalho do Rio suspendeu o retorno até que se tivesse uma vacina contra a Covid-19 ou a comprovação de que os estabelecimentos são seguros. Apesar da mudança no tribunal, a prefeitura afirmou que a rede privada não poderia retornar devido a uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio, que suspendeu decreto municipal autorizando a reabertura. Daí o município recorreu ao STF. Ocorre que a prefeitura não regula a volta das atividades de creches e escolas do sistema particular, apenas autoriza os protocolos sanitários para que reabram.
Entre os colégios públicos estaduais, o retorno está programado para 5 de outubro no caso dos alunos sem acesso à internet. Na rede municipal do Rio, no entanto, ainda não há previsão.