Se nas arquibancadas o gigantismo dos carros alegóricos, a riqueza das fantasias e o gingado dos passistas são os principais atrativos para o público, nos camarotes as celebridades se refestelam com uma série de mimos, como bufê assinado por chef, bebidas liberadas, shows e pista de dança até altas horas, massagistas e maquiadoras a postos. Sem falar nas estrelas globais que circulam à vontade por ali. Não à toa, os convites para esses espaços são, por tradição, disputadíssimos. Com a crise econômica e a saída das grandes cervejarias do rol de patrocinadoras de tais espaços, porém, todo mundo pode ser vip. Até o antigo Camarote da Brahma, que depois virou da Boa e agora atende por N1, está aberto aos pagantes. “Quando a Ambev avisou que não mais faria o camarote, decidi manter tudo nos mesmos moldes, mas só a venda ao público permitiria que não fechássemos as contas no vermelho”, explica o empresário José Victor Oliva, que disponibilizou na internet 1 600 ingressos para os três dias de festa.
Nos últimos anos, os espaços antes dominados por grandes empresas vêm sendo ocupados por produtores de eventos, que transformaram a festa na Sapucaí em uma lucrativa oportunidade de negócio. O foco é atender diferentes perfis, desde o turista nacional até o público mais jovem. Para isso, vale tudo, inclusive inserir atrações de outros ritmos — como DJs de música eletrônica, cantores de axé e rodas de pagode — nos intervalos das escolas. O Camarote N1, apesar de ser o mais tradicional entre os famosos, está longe de ser o mais caro (veja o quadro). Antigo empresário do ramo, Maurício Mattos, do Rio Samba e Carnaval, aposta no conforto para um número reduzido de convidados, que circulam sem nenhum empurra-empurra no amplo espaço. “Nosso cuidado vai da decoração do carnavalesco Renato Lage ao transporte”, explica. Com entradas proporcionais ao tamanho monumental da festa, desfrutar as delícias do Carnaval virou apenas uma questão de investimento.