Um país se faz com homens e livros. A célebre frase do escritor Monteiro Lobato virou uma espécie de mantra para Cristina Figueiredo desde o fim do ano passado. Foi quando ela iniciou um projeto que instalou uma biblioteca com 2?000 títulos em um ônibus e percorreu com o veículo boa parte da cidade. Batizado de Livros nas Praças, o ônibus recebeu, nos primeiros seis meses da iniciativa, 6?000 visitas e realizou quase 3?000 empréstimos gratuitos, sempre estacionado próximo a favelas. Os mais jovens se interessam especialmente por autores como Adélia Prado, Ziraldo, Ana Maria Machado e Thalita Rebouças. Os adultos preferem Paulo Coelho. “Normalmente, as visitas começam pelas crianças. Muitas delas nunca haviam tocado um livro na vida. Elas ficam encantadas e acabam levando a família inteira”, conta Cristina, 45 anos, formada em administração de empresas, publicidade e com um MBA na Coppead/UFRJ.
Ex-funcionária da Biblioteca Nacional, onde cuidava da captação de recursos e aprovação de projetos da casa, Cristina só conseguiu tirar o projeto do papel graças a sua perseverança. Foram três anos correndo atrás de patrocínio, batendo à porta de grandes empresas. A primeira a apoiar a ideia foi a Lamsa, concessionária que administra a Linha Amarela. Depois, veio o banco de investimento BTG Pactual. Com dinheiro em caixa, Cristina alugou o veículo e contratou engenheiros e arquitetos para adaptá-lo. O acervo de obras literárias foi doado pela Secretaria Municipal de Cultura. No momento, o Livros nas Praças passa por uma nova reforma em que receberá um segundo gerador de energia. Em dois meses, voltará a circular. Cristina está ansiosa para que isso aconteça. Tanto que não consegue entrar em uma livraria sem comprar, com dinheiro do seu bolso, pelo menos um título para a biblioteca sobre rodas.