O mundo do empreendedorismo registrou um dado que dá mostras concretas do avanço feminino: atualmente, as mulheres são responsáveis pela maior parte das novas empresas abertas no país. Mas outra estatística convida a uma reflexão — e à ação. Os negócios que fecham mais rapidamente, num prazo de até três anos, são justamente os delas. “Quando me confrontei com essa informação, tive a certeza de que precisava fazer algo que gerasse uma mudança efetiva”, diz Suzana Pires, 44 anos. Diplomada em filosofia pela PUC-Rio e com mais de cinquenta papéis na TV, no cinema e no teatro, a atriz e roteirista lançou em 2018 o Instituto Dona de Si, uma plataforma de aceleração de talentos com cursos direcionados justamente a pequenas empreendedoras.
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A iniciativa acabou se amoldando aos ventos da pandemia e as aulas migraram para o formato digital — o que deu um tremendo empurrão. Hoje, 200 mulheres seguem o programa de mentoria on-line, com o auxílio de bolsas financiadas por um grupo de conselheiras formado pela apresentadora Angélica, a atriz Cleo Pires e a jornalista Ana Paula Araújo, para citar alguns nomes. Com duração de um ano e carga horária de 120 horas, as lições virtuais englobam desde ensinamentos práticos sobre administração e gestão até dicas para o desenvolvimento pessoal, tudo organizado em parceria com uma psicóloga e uma pedagoga.
“Em um mundo marcado pela opressão, nós, mulheres, precisamos ser empreendedoras de nós mesmas. Aqui uma sobe e puxa a outra”
O instituto conta ainda com uma equipe de catorze funcionárias que administram a plataforma digital e prestam atendimento às alunas, enquanto a chefe vive na busca incessante por doações e patrocínios para manter o projeto vivo — lá atrás, o investimento inicial de 320 000 reais foi todo de Suzana, que desembolsou economias próprias (colocando à venda suas bolsas de grife) para deslanchar a ideia. “Em um mundo marcado pela opressão, nós, mulheres, precisamos ser empreendedoras de nós mesmas”, defende a atriz, a primeira a assinar a autoria de uma novela na Rede Globo, caminho que define como “muito solitário”.
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Ainda que reverter as estatísticas do empreendedorismo feminino seja uma batalha dura, se depender de Suzana nenhum negócio fecha as portas por falta de apoio. “Solidariedade é a nossa missão. Aqui uma sobe e puxa a outra”, resume sua filosofia.