Chama atenção na cidade a quantidade de bicicletas com uma placa que mostra a silhueta de um (ou uma) ciclista e a mensagem “Respeite, um carro a menos”. Já são mais de 20?000 delas nas ruas, como parte de uma campanha de educação no trânsito e incentivo ao uso de meios de transporte ecologicamente corretos. Por trás da iniciativa está o publicitário Frederico Sampaio, 28 anos, que lançou o movimento em 2012, ao lado dos primos Carlos Sales e Lula Franco e da amiga Isabel Pinheiro. O embrião da ideia remete a uma reunião de família, quando, numa conversa, eles lamentavam que a bicicleta, apesar de seus aspectos inegavelmente positivos, ainda parecia um veículo invisível à maioria dos motoristas cariocas. No verão daquele ano, o grupo decidiu confeccionar de forma artesanal as primeiras plaquetas com a mensagem educativa, e a reação foi surpreendente. “As pessoas adoraram e perguntavam onde poderiam conseguir uma também.”
“Queremos alertar os motoristas e os próprios ciclistas de seus direitos e deveres”
Ao constatar o potencial de mobilização, Fred – como é conhecido – resolveu se dedicar a fundo à tarefa de valorização dos ciclistas. Recém-saído do emprego em uma agência de publicidade, vendeu o carro e, com o dinheiro, pôde incrementar a campanha e a fabricação das peças. A comercialização desses objetos vem servindo para financiar outras ações, como a doação de placas personalizadas àqueles que fazem entregas em domicílio e a distribuição de cartilhas com as regras da boa convivência no asfalto. “O Código Brasileiro de Trânsito diz que a bicicleta é um veículo, assim como os automóveis. Queremos alertar os motoristas e os próprios ciclistas de seus direitos e deveres”, explica o idealizador. Otimista, ele percebe uma mudança de comportamento nas ruas. “Já vejo ciclistas parando no sinal vermelho da ciclovia. Acredito que temos influência nisso.” Num desdobramento da atuação, o grupo promove encontros em creches e escolas, para conversar com as crianças sobre o tema. Agora, o plano mais imediato é firmar parcerias com empresas para expandir o movimento. “O potencial da campanha é gigantesco. Trata-se de uma mentalidade que os cariocas ainda estão amadurecendo e pode crescer muito”, afirma. Há um longo caminho pela frente – de preferência, com menos carros.