Formado em artes cênicas pela UniRio, o ator Marcelo Andriotti decidiu dar uma guinada em sua vida no dia em que completou 30 anos. Na ocasião, ele realizava um trabalho burocrático em uma companhia aérea no Aeroporto Internacional Tom Jobim. “Eu era responsável por atender às reclamações dos passageiros que tinham a bagagem extraviada”, recorda. Resolveu que dali para a frente iria se dedicar ao que gostava de fazer: dar aulas de teatro em comunidades carentes. Hoje, seis anos depois de ter deixado o emprego no Galeão, Andriotti comanda a ONG Favela Mundo, iniciativa que já atendeu mais de 900 crianças e jovens de 44 bairros e comunidades cariocas. De tão bem-sucedido, o programa criado pelo ex-aeroviário foi escolhido para ser exposto em Nova York, em um encontro promovido pela ONU no ano passado, o Unaoc-EF Summer School, e voltado a transformadores sociais de diversos países. Era o único representante brasileiro em 100 projetos selecionados entre mais de 140?000 inscritos do mundo todo.
“Acredito no potencial da arte para transformar a vida das pessoas”
Sem uma sede fixa, o Favela Mundo começou as atividades em 2010, em um espaço emprestado, atendendo às comunidades do Complexo do Alemão. Desde então, já passou por diversos bairros do Rio. “Num primeiro momento, pensei só nas aulas de teatro, que é o que sei fazer, mas, colocando a ideia no papel, percebi que precisava realizar algo mais abrangente.” Foram incluídas, então, aulas de dança, violão, circo, desenho e maquiagem artística. Atualmente, a ONG está instalada em polos em Vargem Grande e em Água Santa, nos quais atende 205 crianças e adolescentes de 6 a 18 anos, com a única condição de que estejam frequentando a escola. Através de parcerias, o projeto oferece aulas de inglês aos jovens. Prestes a ocupar uma nova sede, Andriotti tem planos ambiciosos para a sua iniciativa. Entre eles estão a formação de um grupo profissional de dança para apresentações itinerantes e o desenvolvimento de atividades voltadas também para os pais, em que a arte possa ser usada para gerar renda. “Acredito no potencial da arte para transformar a vida das pessoas”, diz.