Depois de quase uma década nos Estados Unidos, onde fez faculdade de administração e construiu uma sólida carreira como executivo do mercado financeiro, o carioca Marcus Fonseca decidiu dar uma guinada em sua vida. Em 2008, ano fatídico para o setor, ele deixou tudo para trás e voltou com um objetivo em mente: criar um projeto social. Assim nasceu o Tênis para Todos, que já atendeu mais de 300 crianças e jovens do Vidigal e da Rocinha. Em uma parceria com o Sheraton Rio, Fonseca utiliza as duas quadras do hotel para ensinar o esporte a meninos de 8 a 18 anos. “Eles ficavam lá ganhando uns trocados como boleiros. Ao ver essa realidade, resolvi atuar, e agora eles são tratados como atletas”, conta o ex-executivo. Além das aulas, o projeto fornece uniformes, equipamentos esportivos e alimentação, com café da manhã, almoço e jantar. Aos sábados, as crianças ainda aprendem inglês e, anualmente, passam por avaliações médicas e odontológicas gratuitas. Quando completa 18 anos, o aluno recebe um certificado de participação no projeto e uma carta de referência para facilitar o ingresso no mercado de trabalho, isso se não for diretamente encaminhado a empresas parceiras da iniciativa. Para desfrutar esses benefícios, a única condição é ter bom desempenho escolar.
“Sei que não vou mudar o mundo, mas faço o que está ao meu alcance”
A modalidade não foi escolhida por acaso. Tenista na juventude, Fonseca chegou a ganhar títulos na categoria juvenil. Foi graças ao seu desempenho com as raquetes que ele pôde fazer faculdade no exterior, contemplado com uma bolsa-atleta na Universidade Santa Fé, no Estado do Novo México. Ainda foi treinador na Universidade Cornell, em Nova York, antes de entrar de vez no mundo corporativo como funcionário do Morgan Stanley, um dos maiores bancos de investimentos do mundo. “Ganhei muito com o tênis e queria retribuir o que o esporte me proporcionou”, diz, ressaltando que a prática traz ensinamentos de grande valia em todos os aspectos, como o desenvolvimento da coordenação motora, da disciplina, da autoconfiança e do trabalho em equipe. Fonseca jura não ter arrependimento por largar uma trajetória promissora no exterior em troca de um projeto filantrópico. “Sei que não vou mudar o mundo, mas faço o que está ao meu alcance”, afirma. “A satisfação que tenho ao ver a evolução dessas crianças não tem dinheiro que pague.”