Pelo calendário litúrgico, o Carnaval cai no dia 16 de fevereiro em 2021. Com chances remotas, praticamente nulas, de que haja uma vacina contra Covid-19 disponível para a população até lá, o presidente da Liga das Escolas de Samba, Jorge Castanheira, afirmou dias atrás a VEJA RIO que ‘Óbvio que sem vacina não tem desfile’. Não é tão óbvio assim, afirma um grupo de sambistas, pesquisadores e pessoas ligadas ao samba, que traça planos para ocupar a Sapucaí na data marcada – e com o aval das autoridades sanitárias.
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Algumas propostas de um carnaval alternativo e independente da Liesa já foram catalogadas e devem sair do papel a partir dos protocolos definidos pelos cientistas da Fundação Oswaldo Cruz.
“Vamos criar uma comissão e procurar a Fiocruz para ver como podemos festejar no dia 16 de fevereiro. Se falarem que só pode ser com dez pessoas, vamos com dez pessoas. O que não pode é passar em branco”, diz a pesquisadora e ex-subsecretária de Cultura do Rio, Rachel Valença. “Era isso o que a Liesa deveria ter feito: procurado as autoridades sanitárias para ver de que maneira é possível fazer o carnaval, mas a visão da Liga é pragmática a monetarista”.
Algumas das ideias para um carnaval com menos aglomeração que já estão na pauta são: lavagem da Sapucaí pelas baianas com a participação do bloco Filhos de Gandhi e de casais de mestre-sala e porta-bandeira de todas as escolas, além de uma bateria composta por ritmistas das agremiações; desfile virtual nas quadras com transmissão pela TV e concurso de melhor exibição, nas noites de Carnaval; criação de sambas para esses desfiles.
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Um concurso de fantasias de luxo dos destaques das escolas também está na lista das ideias para o carnaval 2021 que, segundo Rachel, seria um “ato de resistência”, com todas as atividades sendo feitas exclusivamente por pessoas que apresentassem testes negativos da Covid-19. A data e o local, ela afirma, são “inegociáveis”.
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Autor do livro “Sambódromo, 30 anos de brasilidade” e membro do Museu do Samba, o jornalista Aloy Jupiara e a fundadora do Museu, Nilcemar Nogueira, também fazem parte do grupo de dissidentes que vai em busca de um respaldo científico para a realização da festa em 2021. “Ainda que haja adiamento do carnaval, é preciso comemorar de alguma forma na data tradicional, e no Sambódromo. As escolas não devem abrir mão disso”, afirma Nilcemar.
A Sebastiana, Associação Independente dos Blocos de Rua do Rio, também tomou a decisão de buscar diretamente os cientistas da Fundação Oswaldo Cuuz para começar a pensar o carnaval de 2021. “Não tem como fazer planos sem ouvir quem pode nos dar uma perspectivas e dados concretos. Não dá mais pra ficar no talvez”, diz Rita Fernandes, presidente da Sebastiana.