A delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz trouxe novos elementos para a investigação do Caso Marielle e fundamentou a operação realizada pela Polícia Federal nesta segunda (24). De acordo com o ministro da Justiça, Flávio Dino, não há dúvidas de que outras pessoas estão envolvidas nos assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, cujos mandantes ainda não foram descobertos. “As investigações mostram a participação das milícias e do crime organizado do Rio de Janeiro no crime”, afirmou o ministro, afirmando ainda que “outras novidades com certeza ocorrerão nas próximas semanas”. A delação do ex-PM aconteceu há cerca de 15 dias e foi homologada pela Justiça.
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A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prenderam nesta segunda (24) o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, na Operação Élpis – a primeira desde o início de 2023, quando a PF assumiu a investigação dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. Élpis é a deusa grega da esperança. Na mesma operação foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão no Grande Rio. Condenado em 2021 a quatro anos de prisão por atrapalhar as investigações, Suel cumpria pena em regime aberto. O ex-bombeiro tinha sido preso em junho de 2020 durante a Operação Submersos II, e já é réu neste por processo receptação, porque recebeu o carro usado no crime segundo o MP e a PF. “O senhor Suel fez o trabalho de monitoramento e campana da rotina da vereadora Marielle Franco e, posteriormente, no acobertamento dos executores”, disse Dino, com base na delação.
De acordo com o MPRJ, Maxwell era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa, acusado de ser um dos autores do assassinato e amigo de Suel. O ex-bombeiro também teria ajudado a jogar o armamento no mar. Suel foi preso em casa, no Recreio dos Bandeirantes, e levado para a sede da PF, na Zona Portuária. Ao G1, Fabíola Garcia, que defende Suel, informou que não teve acesso ao inquérito e que foi pega de surpresa com a prisão de seu cliente. Ele destacou que não teve acesso à investigação.
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Flávio Dino explicou que a delação de Élcio Queiroz corroborou provas já colhidas na investigação, como o fato de que os disparos foram feitos por Ronnie Lessa, e forneceram elementos que abrem novas frentes para a investigação, iniciada há cinco anos. “Élcio Queiroz confirmou em delação premiada a participação dele próprio, do Ronnie Lessa e do Maxwell. Temos o fechamento desta fase, com a confirmação de tudo que aconteceu no crime. Há elementos para um novo patamar da investigação, que é descobrir os mandantes. As provas colhidas pela Polícia Federal concluíram de maneira inequívoca da participação do Ronie Lessa, do Élcio de Queiroz e também do Suel no crime”, disse o ministro. Ainda segundo ele, as informações fornecidas por Élcio de Queiróz apontam a dinâmica do crime, do início até o desfecho, com itinerário, roteiros e indícios de outras participações.
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“É o início de uma nova fase probatória. Alvos da busca de hoje estão relacionados à delação do Élcio”, reforçou Dino, ao dizer que outras operações contra alvos apontados nas investigações como mandantes do crime estão para acontecer. Eleita vereadora do Rio em 2016, com 46 mil votos (5ª candidata mais votada), Marielle Franco (PSOL) foi assassinada com 13 tiros na noite de 14 de março de 2018, num atentado que vitimou também seu motorista Anderson Gomes.
Confira os alvos da operação:
Maxwell Simões Côrrea, conhecido como Suel ou Swel;
Denis Lessa, irmão de Ronnie Lessa;
Edilson Barbosa dos santos, conhecido como Orelha;
João Paulo Vianna dos Santos Soares, conhecido como Gato do Mato;
Alessandra da Silva Farizote;
Maurício da Conceição dos Santos Júnior, o Mauricinho;
Jomar Duarte Bittencourt Junior, o Jomarzinho.