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Chef Lúcia Santos oferece cursos gratuitos de gastronomia

Em 2008, ela fundou um projeto social, que hoje funciona em Botafogo, com o objetivo de promover a transformação social por meio da comida

Por Heloiza Gomes
Atualizado em 13 out 2017, 12h46 - Publicado em 13 out 2017, 12h46
“Fui empregada doméstica, fiz congelados para vender, meu primeiro fogão foi catado no lixo e, durante um período, eu só comia biscoito cream cracker, de manhã, de tarde e de noite” (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)
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Há cerca de dez anos, a chef Lúcia Santos, na época proprietária do restaurante tailandês Sabai Sabai, percebeu que estava cada vez mais difícil encontrar mão de obra qualificada. Os candidatos que apareciam juravam saber fazer comida asiática, mas, quando eram contratados, a verdade vinha à tona: não tinham a menor ideia do que se tratava um pad thai, clássico macarrão tailandês. “Aí, pensei: ‘Vou ensinar o povo a trabalhar’. Montei um projeto e passei a dar aulas de culinária”, conta a chef. O que Lúcia começou como uma ideia para suprir a defi­ciên­cia do próprio negócio acabou ganhando asas. Em 2008, ela fundou a Associação Escola de Gastronomia São José, que hoje funciona em Botafogo, com o objetivo de promover a transformação social por meio da comida. A instituição, oferece, gratuitamente, um curso de gastronomia, com duração de dois anos, em que os alunos aprendem culinária brasileira, francesa e natural, entre outras. “Ele é dividido em duas etapas e, no fim de cada uma delas, é realizado um concurso em que um grupo de jurados avalia os pratos preparados”, detalha a chef, atualmente com sessenta alunos, dos 15 aos 80 anos.

Os interessados em participar do projeto precisam, antes de tudo, passar por uma prova prática, na qual devem preparar um ovo frito e uma omelete. Uma vez aprovados, pagam uma taxa de inscrição, que pode ser dividida em até dez vezes e serve para custear a apostila e o avental. “Mas, para os que não têm dinheiro nem para a condução, oferecemos uma pequena bolsa”, conta Lúcia, que ainda encaminha os alunos ao mercado de trabalho e corre atrás de bolsa de estudo nas faculdades de gastronomia para eles. “Já tivemos alunos que eram moradores de rua, alunas que eram domésticas e conseguiram aumento de salário no serviço, e teve até gente que abriu o próprio negócio”, garante Lúcia, prova viva de que é possível, sim, superar as dificuldades financeiras e sociais. “Fui empregada doméstica, fiz congelados para vender, meu primeiro fogão foi catado no lixo e, durante um período, eu só comia biscoito cream cracker, de manhã, de tarde e de noite”, garante a chef, de 65 anos.

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