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Ciclovia Tim Maia, em São Conrado, corre o risco de desabar mais uma vez

"Não há possibilidade de ocorrer novo acidente", afirma a VEJA RIO o secretário de Infraestrutura, Sebastião Bruno; engenheiros discordam

Por Cleo Guimarães
18 ago 2020, 16h41
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  • Construída no início de 2016 em tempos de euforia pré-Jogos Olímpicos, a Ciclovia Tim Maia foi inaugurada com festa pelo então prefeito Eduardo Paes, que a classificou de “a mais bonita do mundo”. Linda, sim, porém insegura e mal projetada: três meses depois desta declaração, ela desabou pela primeira vez. De lá para cá, já foram outros três desabamentos, num período de quatro anos – o que dá uma média de um acidente deste tipo a cada 12 meses. Duas pessoas morreram nessas tragédias.

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    Frequentadores da Praia de São Conrado perceberam que um trecho da estrutura, na Avenida Niemeyer, tem parte de seus apoios (chamados de “tabuleiros”) equilibrados bem na ponta dos pilares de sustentação. As vigas estão quase sem calço, por um fio. Advogado e surfista, Carlos Ferraz costuma pegar onda naquela área, e não raro pega sol na faixa de areia sob a estrutura, o que o coloca no rol das potenciais vítimas de um novo desabamento. “O medo é que caia em cima da gente“, afirma.

    O temor de Carlos faz sentido. Quem garante é o engenheiro civil e presidente da Associação dos Moradores de São Conrado (Amasco), José Britz. “Não pode deixar como está. Vai morrer mais gente. É questão de tempo”, diz. De acordo com ele, os tabuleiros, como são ligados pelos pilares, “funcionam omo um jogo de peças de dominó em pé: quando um cai, outros vão cair”.

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    Secretário municipal de Infraestrutura, Habitação e Conservação, Sebastião Bruno disse a VEJA RIO que “não há motivo para preocupação”. Ele conta que os técnicos da secretaria fazem um monitoramento semanal da ciclovia e que o deslocamento do tabuleiro sobre a viga já tinha sido observado por sua equipe. “Já tínhamos visto isso e não existe risco algum de desabamento”, afirma. No entanto, para “diminuir a desconfortável impressão” de que tudo pode vir abaixo, o secretário prometeu agendar um reposicionamento para os próximos dias. “Vamos chegar ele um pouco mais para o lado, puxar a estrutura com um maquinário específico. Não custa nada. Mas risco de desabamento não há”, insiste.

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    A afirmação do secretário foi encarada com desconfiança e ironia pelo engenheiro Britz. “Ah, tá bom. Diz que não tem perigo, aí cai tudo e depois eles dizem: ‘Eita, caiu!‘”. Ele sugere a retirada dos tabuleiros para evitar que a população continue passeando pela estrutura, apesar de a circulação estar interditada desde abril de 2019. “Não tem motivo para mantê-los ali. Não tiram porque acham que pode passar uma imagem de fracasso, mas o fracasso já está feito”.

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    Ao que tudo indica, a ideia de acabar com a ciclovia não passa pela cabeça do secretário, tanto é que uma licitação para recompor todos os trechos comprometidos da via será finalizada em breve. O investimento previsto é de R$ 2 milhões e a concorrência, segundo Sebastião Bruno, não foi concluída até agora por causa da pandemia do coronavírus. “Ela atrasou tudo”, afirma.

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