Com catorze livros lançados sobre o tema e 28 comendas nacionais e internacionais — entre elas uma condecoração da Organização das Nações Unidas —, a jornalista Claudia Werneck, 57 anos, é uma referência pelo seu trabalho no combate à discriminação de pessoas com deficiência. O interesse pelo assunto começou em 1991, quando ela fez uma reportagem sobre síndrome de Down. “Fiquei muito sensibilizada com a dificuldade e a discriminação que essas pessoas enfrentavam no dia a dia. Foi uma matéria que mudou a minha percepção de vida”, conta. Mesmo sem ter nenhum parente ou amigo com deficiência, Claudia se engajou nessa luta e passou a viajar por todo o país realizando palestras e oficinas sobre o assunto. Procurada pela Fundação Banco do Brasil, interessada em apoiar sua iniciativa, fundou, em 2002, a ONG Escola de Gente, que promove uma série de ações inclusivas. “É preciso entender que todos fazem parte da sociedade. São cidadãos e devem ter seus direitos respeitados”, diz Claudia.
“Enquanto eu tiver o sentimento de que o nosso trabalho é útil, serei uma sonhadora”
Com a vida totalmente voltada para a causa, ela acabou mobilizando a família. Sua filha, a atriz Tatá Werneck, por exemplo, criou um grupo de teatro focado em produzir espetáculos inclusivos — que contam com recursos como intérprete de Libras, legendas eletrônicas, audiodescrição e visita guiada ao cenário. As ações realizadas pela Escola de Gente englobam ainda a formação artística de jovens com deficiência. Lá também foram desenvolvidos os parâmetros que mostram o grau de acessibilidade das cidades. Além disso, a ONG faz consultoria e produz conteúdo sobre direitos humanos, diversidade e inclusão para empresas privadas. Desde a sua fundação, essas iniciativas já alcançaram mais de 400 000 pessoas de dezessete países das Américas, África, Oceania e Europa. “A Escola de Gente surgiu de um sonho. Enquanto eu tiver o sentimento de que o nosso trabalho é útil, serei uma sonhadora.”