Estratégias de comunicação para dificultar as investigações sobre a milícia chefiada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, foram descobertas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O grupo, que cobrava taxas para obras na Zona Oeste do Rio, se comunicava por meio de mensagens codificadas, usava um aplicativo especial que impede o rastreamento das conversas e tinha a orientação de realizar extorsões somente via ligação.
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Em documento, que foi acessado pelo portal G1, promotores destacaram que grandes empreiteiras foram obrigadas a pagar mensalmente os paramilitares – algumas parcelas eram de R$ 13.000,00 – para cada construção realizada, e até mesmo por obras da prefeitura. As cobranças, no entanto, eram realizadas apenas por ligação e nunca por mensagens, com o objetivo de não deixar rastros.
O MP identificou uma orientação de Jaziel de Paula Ferreira, chamado de Papel, para outro criminoso do grupo, Renato de Paula da Silva, que havia realizado uma cobrança via áudio. “Mano, quando for assim, mano, ligação. Fala por ligação, entendeu? Se mostrar isso (o áudio) pra alguém, vão achar que a gente tá oprimindo eles, tá ligado? Bagulho é ligação”, lembrou Papel, integrante do “núcleo de extorsão” do grupo, batizado pelo MP.
O líder desse núcleo era Jhonatas Rodrigues Medeiros, de 29 anos, conhecido como Pardal ou Pássaro, uma espécie de “CEO das cobranças”. Considerado atualmente foragido, Jhonatas era quem estava a par de todos os valores arrecadados e cobranças aplicadas. Para tornar suas mensagens irrastreáveis, o “CEO” usava um aplicativo frequentemente usado por organizações criminosas, que garante segurança, privacidade e controle total sobre o que é enviado.
As estratégias, no entanto, não foram totalmente seguras, graças ao acesso que os investigadores conseguiram a capturas de tela e outras imagens salvas na “nuvem” do aparelho de Jhonatas. Em um dos arquivos encontrados, fundamental para a investigação, foi possível identificar o miliciano Andrei Santos de Melo, conhecido como “Cansado” e “Fechamento”. Andrei é considerado o líder Comunidade Três Pontes, em Santa Cruz, onde o grupo criminoso nasceu, e seria o “porta-voz” ou “braço direito” de Zinho.
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A função do miliciano seria passar ordens do chefe para os comandados, uma vez que Zinho também “evita se valer de meios de comunicação rastreáveis”, como afirma a denúncia. De acordo com os investigadores, eles se mantêm fisicamente próximos, uma vez que o chefe da milícia usa o telefone de Andrei quando precisa dar ordens com sua voz.
Mensagens em códigos trocadas entre integrantes da quadrilha também foram identificadas pelos promotores. Conversas do miliciano Domício Barbosa de Souza com Andrei usam termos como “brinquedos”, codinome para armas de fogo, e “menino”, para se referir a Zinho.
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“Fechamento (Andrei), falei com ele aqui agora. Duas coisas: os brinquedos, o cara vai mandar hoje sem falta. Assim que ele tiver vindo, o cara vai ligar. (…) Vai chegar aqui no sete do sete, manda alguém lá buscar. Outra coisa é… falou para o menino se cuidar, operação três dias seguidos, hoje, amanhã e quarta”, disse Dom na mensagem interceptada.
Em outra mensagem, Dom diz que “tem pássaro no ninho em S. Cruz, Base Aérea” para alertar sobre a presença de viaturas na região.