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Com menos burocracia, OSs administram com sucesso espaços culturais

Experiências bem-sucedidas fizeram com que modelo fosse escolhido para gestão do Museu do Amanhã e da nova sede do Museu da Imagem e do Som

Por Saulo Pereira Guimarães
Atualizado em 2 jun 2017, 12h23 - Publicado em 16 out 2015, 18h33
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  • Mesmo antes de ser aberto, o Museu do Amanhã já chama a atenção de quem passa pela recém-remodelada Praça Mauá. Parecendo lançar-se sobre as águas da Baía de Guanabara, tem traços modernos e, a partir de dezembro, atrairá muita gente interessada em fazer uma viagem ao futuro por meio de suas instalações. Mas como administrar esse gigante que espera 450 000 visitantes no primeiro ano? A resposta pode estar numa sigla: OS. A instituição será gerida por uma “organização social”. A expressão, um tanto vaga, enigmática até, vem sendo usada para definir grupos sem fins lucrativos que, após disputar licitações, assumem a gestão de estabelecimentos públicos por certo período, seguindo um conjunto de regras. O formato tem gerado resultados interessantes, tanto em cifras como em ideias.

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    A inspiração para o modelo adotado no Museu do Amanhã foi o Museu de Arte do Rio (MAR), seu vizinho no Porto, também pertencente ao município e que, desde a abertura, em 2013, é administrado pelo Instituto Odeon. As Bibliotecas Parque, a Casa França-Brasil (CFB) e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) são outros espaços que seguem a mesma lógica de gestão. Em resumo, trata-se de uma evolução do conceito de associações de amigos de museus. No passado, elas se juntavam para ajudá-los, essencialmente por meio de doações. A diferença é que, com as OSs, essas “ajudas” são mais organizadas. Tome-se como exemplo o auxílio ao MAR: a prefeitura investe, por ano, 14 milhões de reais na instituição. Em troca, firma compromissos com o administrador, que deve atingir pelo menos 80% das metas. É como se a gestão virasse uma prova em que a média para passar é 8, o que dá uma ideia do alto nível de exigência. Além disso, todos os gastos e receitas são submetidos ao Tribunal de Contas do Município. “Em caso de corrupção, os dirigentes respondem com seus próprios bens”, diz Carlos Gradim, do Instituto Odeon, diretor-presidente do MAR. Mesmo seguindo todas as regras, ao fim do contrato o acordo pode ou não ser renovado pelo governo.

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    Bons exemplos do sucesso desse novo formato de governança não faltam. No início do mês, a OS Oca Lage promoveu uma noite beneficente com show de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Arto Lindsay, guitarrista americano. O objetivo era levantar fundos para a EAV, a fim de bater a meta de faturamento de 2,8 milhões de reais, acertada com o Estado. Deu tudo certo, e a iniciativa apenas revela que muita coisa vem mudando nesse setor. No MAR, ficou famosa a história da vidraça quebrada durante os protestos de 2013, substituída logo no dia seguinte, algo impensável em meio à burocracia de gestões exclusivamente governamentais. Com 2 000 visitas por dia, a Biblioteca Parque da Avenida Presidente Vargas, no Centro, é tão atraente que conta com 250 moradores de rua em seu cadastro de leitores. Responsável pelo local, o Instituto Desenvolvimento e Gestão (IDG) espera que todo esse sucesso se repita no aguardado Museu do Amanhã, que também ficará sob o comando da OS. Mas os novos gestores sabem que há limites. “O Estado manda, a OS é apenas a ferramenta”, observa o presidente do IDG, Ricardo Piquet.

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    Assim como o Museu do Amanhã, outro prédio de desenho extravagante, este em Copacabana, não passa batido por quem circula na orla. Trata-se do Museu da Imagem e do Som (MIS), com abertura prevista para o primeiro semestre de 2016. Ele em breve também terá uma OS para chamar de sua. O edital está para sair e, entre as exigências, haverá a necessidade de funcionários que falem três idiomas. “Os museus hoje não são como os de 200 anos atrás”, diz a secretária estadual de Cultura, Eva Rosental. Por parte dos administradores, uma preocupação é difundir o entendimento do modelo, que ainda é confundido com privatização. Especialistas no assunto, no entanto, pedem cautela. “As OSs são uma possibilidade interessante, mas é cedo para dizer se deram certo ou não”, afirma o professor Roberto Pimenta, da Fundação Getulio Vargas (FGV), levando em consideração que a primeira OS cultural entrou em funcionamento em 2012, junto aos preparativos para a abertura do MAR. A julgar pelos resultados que vêm sendo obtidos até agora, as perspectivas se mostram muito favoráveis.

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