Um dia após a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretar emergência internacional de saúde pública para casos de microcefalia associada ao vírus Zika, o Comitê Organizador do Jogos Rio 2016 informou nesta terça (2) que não desaconselhará visitas ao Brasil durante a Olimpíada. A entidade seguirá os protocolos estabelecidos pela OMS, que não recomendou restrições a viagens e ao comércio, exceção para mulheres grávidas. Representantes do Comitê Rio 2016 disseram acreditar que até o inverno, quando serão realizados os jogos, as taxas de incidência da doença terão caído.
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No último boletim do Ministério da Saúde, divulgado em janeiro, o Brasil tinha registrado 3.174 casos suspeitos de microcefalia associados à Zika, a maioria no Nordeste. Somente Pernambuco, que não terá nenhuma competição, concentrou 1.185. O Rio, sede dos jogos, teve 118. Nos estados, que receberão apenas competições de futebol foram identificados 339, sendo 312 na Bahia.
De acordo com o diretor de Serviços Médicos do Comitê Rio 2016, João Grangeiro, os dados mostram que a incidência do mosquito diminui no período seco e baixam drasticamente até junho. Com essa média, o Aedes aegypti não será mais uma preocupação.
“A Secretaria Estadual de Saúde tem uma série histórica de 20 anos mostrando que os vetores que transmitem a doença caem muito [no inverno] e a transmissão estará minimizada durante os jogos”, afirmou Grangeiro. “Não avaliamos como risco importante.” O médico lembrou ainda que as atletas, por causa das competições, não costumam estar grávidas.
Janelas fechadas
Apesar da previsão otimista, o Comitê Rio 2016 não descartou orientar atletas a permanecerem com janelas fechadas e ar-condicionado ligado nos dormitórios e mantém a previsão de inspeções diárias nos locais de competições. Uma série de orientações já foram dadas pelo Comitê Olímpico Internacional, que divulgou comunicado aos federados sobre prevenção e sintomas da Zika.
A necessidade de usar trajes diferenciados e repelentes na vila dos atletas ainda estão sob avaliação.
“O mais importante são as medidas que o comitê vem tomando com as autoridades na inspeção de criadouros e erradicação desses. É uma vigilância permanente”, acrescentou o médico.
O secretário de Saúde do município do Rio de Janeiro, Gabriel Soranz, aproveitou para convocar a população a fazer vistorias diárias em suas casas, uma vez que o ambiente doméstico concentra 80% dos criadouros do Aedes. “Muitas vezes as pessoas são infectadas pelo mosquitos que cresceu dentro de sua própria casa”, disse o secretário durante entrevista na sede do comitê.
O Comitê Rio 2016 também lamentou que pessoas tenham sido infectadas, em especial mulheres grávidas, cujos bebês podem nascer com problemas cognitivos em função da microcefalia.
Testagem
Para identificar a Zika, as autoridades reconhecem que faltam testes adequados em estudos na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Explicam, porém, que o diagnóstico pode ser dado a partir de sinais e sintomas. A prioridade de exames ambulatoriais será para grávidas com suspeitas de terem sido picadas. “Um diagnóstico clínico é suficiente”, afirmou Soranz.
Para ajudar na prevenção, a vigilância sanitária dará informações na chegada ao Rio (portos e aeroportos) sobre a doença. A rede hoteleira também orientará visitantes.