Cerca de duas décadas após a chegada do crack ao Rio, as cracolândias se espalham pela cidade e já ocupam 14 áreas da cidade. O problema, que exige ações que vão da saúde pública à segurança, está cada dia mais à vista de todos. São homens e mulheres, quase sempre esquálidos, entregues à fissura do crack. Seja nas imediações da Central do Brasil e na Zona Portuária; na Mangueira; no Cajueiro, em Madureira; na Bandeira Dois, entre Del Castilho e Maria da Graça, na Zona Norte…em toda parte.
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Com copinhos plásticos e isqueiros nas mãos, nas proximidades do Morro da Providência, na Zona Central da cidade, usuários fumam crack em pontos como a Praça dos Estivadores, quase em frente ao Jardim Suspenso do Valongo, na boca do Túnel João Ricardo, perto da esquina com a Rua do Livramento, e próximo ao Terminal Rodoviário Américo Fontenelle. Na Mangueira, como acontece há anos, dezenas de usuários seguem ocupando o acesso ao viaduto sobre a linha do trem na Rua Visconde de Niterói. No entanto, não se restringem mais àquele trecho. De dia, à noite, a qualquer hora, o fluxo do crack também não para no entorno das comunidades do Complexo da Maré. No Jacarezinho, nem a implantação do programa Cidade Integrada, do governo do Rio, em fevereiro deste ano, inibiu a continuidade do tráfico do crack. Os usuários se aglomeram em pontos próximos à Avenida Dom Hélder Câmara.
Grupos se drogam ao lado do muro do metrô, perto do estádio do Maracanã, no acesso à Favela do Metrô e nas vizinhanças da Uerj. Do outro lado da linha do trem, jovens aquecem incessantemente seus copinhos na Visconde de Niterói, próximo à estação Maracanã da SuperVia, enquanto outros consumem o crack no terreno que serviu aos ensaios da abertura da Olimpíada do Rio, em 2016, hoje com parte dele tomada pela miséria em
pequenos barracos de madeira e tecido.
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Já no limite entre Maria da Graça e Del Castilho, por anos usuários ocuparam uma quadra de esportes sob o Viaduto Emílio Baumgart, num acesso à Bandeira Dois. Nos últimos meses, a prefeitura do Rio os removeu do espaço, onde crianças jogavam futebol na noite da segunda-feira passada.
Mas a cracolândia só se deslocou alguns passos. A metros dali, mulheres se prostituem na esquina da Rua Genésio de Barros. Em outra rua próxima, a Luísa Valê, as calçadas estão ocupadas por barracos que, antes, ficavam na quadra de esportes, numa extensão da cracolândia que tem acuado moradores.
“A rua está cheia de placas de venda dos imóveis, que são oferecidos muito abaixo do preço de mercado. Mas os interessados, quando chegam aqui, desistem de fazer negócio. Os assaltos a pedestres têm crescido. E, onde moro, além de grades, investimos em mais cinco câmeras, além de termos reforçado a iluminação por causa da insegurança. Não basta o poder público desocupar a área, porque eles voltam no dia seguinte”, disse
ao Globo uma moradora da Luísa Valê, que preferiu não se identificar.
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Na Zona Sul, o problema chegou às imediações do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana. Mesmo com a presença de uma viatura da polícia, que fica baseada na esquina da Rua Sá Ferreira com a Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Em frente aos prédios da Sá Ferreira e mesmo na própria Nossa Senhora de Copacabana pode-se encontrar pessoas fazendo uso da droga.
“É uma cena cotidiana. Passam turistas, camelôs vendem frutas, gente sobe e desce do morro e usuários de crack se drogam para quem quiser ver, principalmente à noite e de madrugada”, afirmou ao jornal um morador da Sá Ferreira.