A carioca Alessandra Martins é publicitária, mas sua carreira sempre esteve relacionada à odontologia. Trabalhando em uma empresa de higiene oral, conheceu o marido, o dentista Marcelo Schettini, com quem é casada há seis anos. Foi seguindo um antigo sonho dele, de proporcionar atendimento a pessoas que não têm condições de pagar por um tratamento dentário, que o casal criou, em 2005, a ONG SOS Dental. O objetivo era levar, através de mutirões, dentistas às áreas mais pobres da cidade, bem como atender vítimas de grandes catástrofes. Criada em novembro de 2013, uma nova frente do projeto, batizada de Dentista na Favela, promove consultas domiciliares de urgência aos moradores do Complexo do Alemão. “Já fazíamos trabalho voluntário com os mutirões, mas sentimos necessidade de atuar de forma mais efetiva, pois ninguém sabe quando vai ter uma dor de dente”, explica Alessandra. A equipe é composta de cinco dentistas, que trabalham em esquema de plantão para servir a população. Nestes primeiros onze meses, já foram realizados 125 atendimentos, além de 1 000 aplicações de flúor.
“É gratificante ver uma pessoa sentar na cadeira de dentista com dor e levantar sorrindo”
Para que consigam chegar até mesmo às casas mais inacessíveis, esses dentistas contam com o auxílio de motoboys. A equipe da ONG desenvolveu o Odontocase, um kit que cabe no baú das motocicletas e com o qual é possível realizar procedimentos como extrações, restaurações, drenagens de abcesso, suturas, entre outros. Em casos mais difíceis, os pacientes são encaminhados a clínicas credenciadas no entorno. Para arcar com os custos da iniciativa, Alessandra encontrou uma forma de o dinheiro circular dentro da própria comunidade. “Cada consulta custa 2 reais, e são os próprios comerciantes do complexo que patrocinam. Eles compram cotas do projeto e ganham cartões de atendimento, que distribuem a quem quiserem”, explica a idealizadora, ressaltando que essa é uma forma de incentivar a fidelidade dos clientes aos estabelecimentos. Apesar do sucesso do projeto, a equipe tem planos ambiciosos. O objetivo é estender o serviço a todas as comunidades e transformar o Dentista na Favela em uma espécie de Samu odontológico. “É muito gratificante ver uma pessoa sentar em uma cadeira com dor e levantar sorrindo”, diz