Quem acusa Marcelo Crivella de má vontade com a cultura afro-brasileira terá um argumento a menos a partir desta terça (29). Na edição de hoje do Diário Oficial do município, o prefeito do Rio nomeou para o cargo de assistente na Secretaria Municipal de Assistência Social de Direitos Humanos Roberval Batista de Uzeda, também conhecido como Pai Uzeda.
Para quem não está ligando o nome à pessoa, Pai Uzeda ganhou notoriedade após dar passes no presidente Michel Temer durante uma convenção do PMDB em Brasília em dezembro do ano passado. O feito é orgulhosamente exibido pelo religioso na foto de capa de sua página no Facebook, que é acompanhada por mais de 4 mil usuários. Na nova função, Uzeda terá como chefe o bispo João Mendes de Jesus, pastor da Igreja Universal. Antes de chegar à prefeitura, Uzeda foi candidato a vereador pelo Partido Progressista nas eleições de 2016.
A relação entre Crivella e as manifestações culturais afro-brasileira sempre foi motivo de polêmica. Durante a campanha para a prefeitura do Rio, vieram a público trechos do livro “Evangelizando a África”, no qual o atual prefeito classificava como “diabólicas” as religiões com origem naquele continente. Na ocasião, o político se desculpou pelo “lamentável erro” e definiu suas afirmações como “equivocadas e extremistas feitas por um jovem missionário”. Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal.
Em 2017 e 2018, o atual prefeito também não participou da tradicional entrega das chaves da cidade ao Rei Momo. A cerimônia marca o início do carnaval, uma das maiores festas da cidade. No ano passado, Crivella atribuiu a falta à uma doença da esposa. Em 2018, marcou uma viagem para a Alemanha no mesmo período, o que o impediu de participar do evento. A ausência veio acompanhada de um corte da verba destinada às escolas de samba no período.