Cartão-postal da cidade, reduto de ilustres cariocas como Tom Jobim e Machado de Assis, o bairro do Jardim Botânico passou por inúmeras transformações ao longo da história. Em 1808, Dom João VI, o então príncipe regente que havia acabado de chegar ao Rio, resolveu criar ali um local para aclimatação de espécies vegetais de várias partes do mundo e uma fábrica de pólvora.
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Inicialmente, então, o bairro abrigava imigrantes que trabalhavam nesta fábrica e em outras que surgiram nos anos seguintes.
Hoje, o bairro é conhecido pelas mansões e restaurantes chiques. Todas essas alterações sofridas ao longo dos últimos 213 anos estão no livro Histórias do Jardim Botânico: Um Recanto Proletário na Zona Sul Carioca (Editora Telha), da historiadora Luciene Carris, moradora do bairro há quase 40 anos.
A convite de VEJA RIO, Luciene selecionou curiosidades sobre o abastado bairro. As histórias completas, é claro, estão no livro, que entrelaça a linha do tempo com a vida pessoal da autora.
Chamariz de imigrantes.
A pesquisa para o livro começou com a curiosidade de Luciene sobre a origem da própria família. Os Carris se estabeleceram no bairro assim como muitos imigrantes italianos que, no século XIX, encontraram no Brasil uma chance de recomeçar. Muitos deles arranjaram trabalho nas fábricas de tecidos que funcionavam no bairro. A vila operária, bem perto dali, ainda existe e é tombada. Uma das ruas dessa vila foi apelidada de Baixa Itália, por causa da imensa quantidade de moradores oriundos do país europeu.
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Bairro proletário.
Devido às fábricas que existiam no bairro, na virada do século XIX para o XX o Jardim Botânico era palco de muitas greves e comícios, a exemplo do encontro de 800 operários em 1906. Eram comuns as agitações operárias e as greves que reuniam funcionários de fábricas de todos os bairros do Rio em busca de melhores condições de trabalho e de vida.
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Morador Ilustre.
O reconhecido médico sanitarista Oswaldo Cruz assumiu o posto do seu pai, Bento, que também era médico, no ambulatório da Fábrica de Tecidos Corcovado. Oswaldo Cruz morou na região. No início do século XX, ele montou um consultório em sua residência atendendo cariocas e moradores da cidade que não tinham tanto dinheiro para um atendimento convencional em hospitais.
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Tradição carnavalesca.
Ex-funcionário da fábrica têxtil da rua Pacheco Leão, Haroldo Lobo compôs mais de 600 marchinhas de Carnaval. Entre elas, Alá-lá-ô, em parceria com Nássara, e Índio Quer Apito, com Milton de Oliveira. Foi ele também quem criou o famoso Bloco da Bicharada, em 1939, que reunia foliões vestidos com fantasias de animais produzidas em papel machê. Portanto, a tradição momesca do bairro vem muito antes do Suvaco do Cristo.