Depois de ouvir mais de sessenta frequentadores em cinquenta horas de gravação, o escritor Bernardo Vilhena revela como um restaurante chinês falido, em Botafogo, se transformou em um dos mais antigos e promissores redutos de rock ?n? roll da cidade. Listamos 15 curiosidades sobre o local, que tem sua história contada no livro Bar Bukowski ? Histórias que não deveriam ser contadas. A obra, à qual tivemos acesso antes de chegar às livrarias, será lançada nesta quinta (17), às 19h, na Blooks Livraria, que fica no Espaço Itaú de Cinemas, em Botafogo. Na sexta (18), uma festa no próprio Buko ratifica o lançamento à moda da casa.
1 – Casa 4. Desde a inauguração, em 1997, já foram quatro endereços diferentes, sempre em Botafogo: duas casas na Rua Paulino Fernandes, uma na São João Batista, em frente ao cemitério, e, por fim, o casarão da Rua Álvaro Ramos. O primeiro quartel-general, um antigo restaurante chinês, foi herança de família. Pedro Berwanger, mais conhecido como Kara, e o primo Leo Feijó sonhavam em ser donos de um bar para ter cerveja e mulheres à vontade.
2 – Acordo entre cavalheiros. No começo, como o estoque da bebida não era muito grande, os donos tinham um acordo com o vigia noturno do posto de gasolina na esquina. O trato era o seguinte: eles pegavam as cervejas de lá e só pagavam as que eram vendidas no bar. O resto, devolviam no fim da noite. Em tempo: se ajudassem na faxina, turistas podiam dormir na casa sem pagar nada.
3 – Charles Bukowski. Os criadores do bar sempre foram admiradores da obra e, principalmente, do estilo de vida do escritor mundialmente conhecido como Velho Safado. Seus porres homéricos e relacionamentos baratos inspiraram o nome do empreendimento, onde a ideia é esquecer os pudores e curtir a vida (ou pelo menos a noite) sem limites.
4 – Anão recepcionista. Enquanto a concorrência apostava em mulheres cheias de curvas para recepcionar a galera na porta, Kara ofereceu cem dólares ao funcionário que descobrisse o anãozinho mais descolado da cidade para trabalhar como porteiro. Encontraram o Wanderley, que virou ícone e já protagonizou cenas tórridas na casa (siga em frente para conhecer algumas).
5 – Bebida liberada. No Buko, os funcionários têm permissão para beber, desde que deem conta do trabalho. Certa vez, um barman foi demitido não porque bebeu demais, mas porque tomou um rumo diferente: entrou para a igreja e aboliu o álcool de sua vida.
6 – Escolha um tema. Festas temáticas como ?Eu Odeio a Light?, ?Noite do Bueiro? e ?Uma Festa em Homenagem ao Babaca ao seu Lado?, bem como concursos de fantasia e noites de premiação com brindes escondidos pela casa (o mais inusitado foi um vidro de perfume dentro de uma lata de lixo), permeiam a história do bar.
7 – Engana-trouxa. As performances de atores também divertem as gerações. Já teve casal de velhinhos no maior amasso na pista, Papai Noel doidão enchendo o saco das pessoas, um sósia do Raul Seixas, a menina que ficava ouvindo iPod e dançando enquanto todos achavam que era uma doida qualquer e até Bukowski lendo seus poemas pelo salão. No Dia do Mágico, o anão Wanderley (olha ele aí!) fez as vezes de coelhinho saindo da cartola. Mas seu papel mais memorável foi o de Chuck, o brinquedo assassino, na festa Noite do Espanto.
8 – Um Stone na casa. Em 2006, os Rolling Stones tocaram na Praia de Copacabana. O bar só encheu depois que o show acabou e, lá pelas tantas, eis que alguns avistam uma figura magra, em pé, com um copo de bebida na mão. Segundo testemunhas, era Keith Richards, ninguém menos do que o guitarrista da banda de rock inglesa.
9 – Sexo no lava-jato. O espaço ficava nos fundos da casa (a da Álvaro Ramos) e pertencia a uma oficina de motos Harley-Davidson. À noite, era o local preferido para amassos e pegações. Todo mundo sabia o que acontecia ali, mas ninguém via. Até que o lava-jato foi desativado e virou escritório.
10 – A calcinha rosa. Em uma das muitas noites loucas da casa, Kara flagrou um DJ fazendo sexo com uma mulher em cima do freezer de cerveja na cozinha. O casal se recompôs e, quando tudo parecia voltar à normalidade caótica, uma calcinha rosa ? supostamente da tal moça ? foi parar, sabe-se lá como, no meio da pista de dança.
11 – A mulher nua. Em 2010, uma moça resolveu dançar nua embaixo de uma escada no bar. A história se repetiu várias vezes, mas, em algumas noites, ela revezava com o Wanderley (olha ele de novo!). O cliente dizia para o amigo que viu uma mulher pelada dançando, o amigo ia lá e dava de cara com um anão nu.
12 – Prezado cliente, devolvemos o seu dinheiro. Não era raro Kara reembolsar clientes que pediam para tocar uma música intocável em um bar de rock como o Bukowski. Certa noite, uma aniversariante patricinha e seu grupo de amigos clamavam por funk. A situação piorou quando ela exigiu do Kara que o ritmo fosse tocado porque era seu aniversário e ela havia levado 50 pessoas. Apesar do prejuízo, o dono preferiu ressarcir a galera e deu ainda vinte reais para a mocinha pegar um taxi e ser feliz em outro lugar.
13 – As aventuras do Mandrake. Frequentador assíduo do bar, que teve o nome preservado assim como os outros, ele era um sujeito de mil profissões. Quando bebia, tudo era possível para impressionar as mulheres, até alegar ser policial. A farsa, no entanto, foi descoberta quando Mandrake saiu correndo ao ver um assalto logo depois de deixar o bar com uma mulher.
14 – Disputa acirrada. Cezinha era um frequentador com a maior moral entre a rapaziada porque tinha ido para a cama com uma garota que foi capa da Playboy. O amigo Mario começou a sair com uma modelo do Sul que parava a pista do Bukowski, mas ela acabou sumindo. Virou lenda. Até que um dia, com a TV sintonizada na transmissão da final do concurso de Miss Brasil, Mario viu seu antigo caso de bar receber a coroa. Na noite seguinte, ele foi recebido no Bukowski ao som de Miss Brasil 2000, da Rita Lee.
15 – O irlandês voador. Extremamente alcoolizado, um turista resolveu escalar uma árvore da casa, em 2006, e saltar para o vazio. Resultado: destruiu o toldo do bar e quase acabou com a festa. Mas a noite, como dizia o poeta, nunca tem fim.
E você, que histórias já viveu (ou viu) na casa?