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Lições de iê-iê-iê

Curso de extensão sobre os Beatles, lançado pela PUC-Rio, tem turma lotada e fila de espera para o próximo semestre

Por Louise Peres
Atualizado em 5 jun 2017, 14h31 - Publicado em 30 Maio 2012, 21h03
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beatles-02.jpg (Redação Veja rio/)
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Faltavam quinze minutos para o início da aula e todos os alunos já estavam a postos na sala. Um deles vestia uma camiseta estampada com a foto de George Harrison, outro fazia anotações em um caderno decorado com a capa do disco Abbey Road. Tais adereços e acessórios dão a pista do assunto que seria abordado pelas próximas três horas. “Beatles: história, arte e legado” é o tema do novo curso de extensão lançado pelo departamento de letras da PUC-Rio, na Gávea. Abertas no mês passado, as 25 vagas disponíveis foram preenchidas poucos dias após a programação ser lançada na internet. “Fiz um empréstimo correndo e, mesmo que leve a vida inteira para pagar, vai valer a pena”, brincou Luzia Pereira, de 61 anos, que se apaixonou pela banda depois de ouvir I Wanna Hold Your Hand no rádio de casa, aos 12 anos. Moradora de Rocha Miranda, a professora desembolsou 1?860 reais pelo curso com duração de 36 horas, dedicadas exclusivamente ao quarteto. Sucesso imediato de público, a iniciativa tem fila de espera para a próxima edição, que já foi confirmada pela universidade e será realizada no segundo semestre.

Além da história do grupo, da trajetória de seus integrantes e do legado deixado por eles, os alunos têm acesso a uma série de informações que não estão disponíveis em livros, revistas ou sites. Fruto de pesquisas coordenadas por entusiastas do assunto, o programa tenta desvendar como os Beatles influenciaram a música brasileira, estuda o design das capas de discos lançados pelos reis do iê-iê-iê e faz uma análise detalhada, com números e bastidores, da carreira e da vida dos membros da banda. “Por mais fanático que seja, nenhum fã teria como aprender tudo isso pela internet”, garante a contadora Vera Nunes. Aos 57 anos, ela sai de Volta Redonda, no sul fluminense, em direção ao Rio, para assistir às aulas semanais. A distância, percorrida em quase duas horas de automóvel, não é um empecilho para ela, que é tiete do quarteto desde os 17 anos, entrou na igreja para se casar ao som de Here, There and Everywhere e deu à filha o nome de Maureen, o mesmo da primeira mulher de Ringo Starr.

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A ideia de discutir e aprofundar, em sala de aula, conhecimentos sobre John, Paul, Ringo e George foi inspirada em um curso oferecido pela Liverpool Hope University. Desde 2009, a faculdade inglesa dispõe de uma pós-graduação sobre o tema. Com duração de dois anos, o programa custa 4?800 libras e já formou mais de vinte alunos. Reduzida a doze aulas, a versão carioca foi criada por dois engenheiros metalúrgicos e beatlemaníacos, é claro. Formado em piano clássico, Luiz Otávio Pinheiro tem como hobby uma pesquisa sobre a harmonia das canções dos Beatles. Foi ele quem convidou Eduardo Brocchi, dono de uma coleção com mais de 1?000 itens do grupo, entre discos, livros e revistas, para estruturar o curso. “Levamos um ano para selecionar o material que iríamos apresentar”, diz Pinheiro, que analisa vídeos de shows e entrevistas, além de comentar músicas depois de tocá-las ao vivo no violão. O quadro docente conta ainda com mais cinco especialistas. Entre eles, o diretor do Departamento de Letras, Júlio Diniz.

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Cinquenta anos após o lançamento do primeiro álbum do grupo, Please Please Me, a variação de idade dos alunos do curso da PUC, dos 19 aos 61 anos, mostra que os quatro garotos de Liverpool continuam sendo um fenômeno de público. Um dos caçulas da turma, o estudante de direito Eduardo Stelmann, de 21 anos, herdou dos pais a paixão pelos Beatles. Mesmo tendo nascido onze anos depois do assassinato de John Lennon, ele afirma que o membro rebelde é seu maior ídolo. “Ele teve a melhor carreira-solo, era o mais ativo e o mais ligado à arte”, diz Stelmann, que toca guitarra, estuda flauta e também é fã de música brasileira. “Adoro Caetano, Gil e Novos Baianos. Por isso, a aula sobre a contribuição dos Beatles na Tropicália foi a que mais me marcou.” Sem ter tido a chance de ver Lennon, o rapaz assistiu às últimas apresentações de Paul McCartney em São Paulo e no Rio. Não foi o único da classe. No show mais recente, em Florianópolis, no fim de abril, quatro alunos e um professor faltaram ao curso. Com uma atividade extracurricular dessas, as faltas estão perdoadas.

RESPOSTAS: 1-D, 2-B (Paul McCartney e Ringo Starr), 3-D, 4-C, 5-B, 6-B, 7-B, 8-B, 9-C, 10-B.

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