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Memorialista carioca: “O Rio foi destruído pelo progresso”

Daniel Sampaio, criador da página Rio Antigo, participou da série Colunistas Ao Vivo e falou sobre os desafios de conservação da memória na cidade

Por Bruna Motta
Atualizado em 19 out 2020, 14h57 - Publicado em 27 ago 2020, 13h15
Cais do Valongo
Cais do Valongo: "ele é considero patrimônio da humanidade pela Unesco e podemos perder esse título pelo descaso", informa Daniel (Divulgação/Divulgação)
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O advogado, memorialista e fundador da página Rio Antigo, Daniel Sampaio, foi o convidada da série Colunistas ao Vivo desta quarta (26). Durante o bate-papo, conduzido pela repórter Marcela Capobianco, Daniel falou sobre os patrimônios históricos do Rio e também como essa área está bastante esquecida – já desde bem antes da pandemia causada pelo novo coronavírus.

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No fim da conversa, realizada no perfil do Instagram de Veja Rio, o memorialista indicou três livros para entender melhor a história do país. Abaixo, alguns destaques:

#rioantigo

“Nossos primeiros passos começaram em 2011, no Instagram. Ainda era uma coisa pouco difundida. Como a minha página pessoal era basicamente fotos de áreas antigas do Rio, decidi separar isso criando o projeto, que, inacreditavelmente, ainda não tinha nenhum perfil com esse nome. E assim fui fazendo esse projeto não só com fotos minhas, mas sim de todo mundo que também se interessa em registrar esse lado da cidade. É colaborativo”.

Memorialista

“O que eu estou fazendo é um trabalho relacionado à história, mas é muito mais memória. Não sou historiador. Existe uma vocação, uma carreira, uma atividade chamada memorialista. A categoria que eu enxerguei para mim é o memorialista de cidades. Vou atrás da memória da nossa cidade”.

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Descuido com o patrimônio

“Somos uma cidade de muita demolição. Espaços em que a memória é desconsiderada. Por exemplo, durante as duas ditaduras – a Era Vargas e a militar – derrubaram muita coisa. Para construir a Presidente Vargas derrubaram igrejas, perdemos quarteirões inteiros. A ditadura militar foi trágica para a nossa memória. A cidade inteira foi destruída. Muito do que não tinha sido foi agora. O Rio foi destruído pelo progresso”.

Na Europa é chique

“Estava andando na rua e ouvi uma pessoa falando: por que não destrói logo? A pergunta é: por que não restaura? Viajando para a Europa acham incrível e aqui é feio. O que falta, além do descaso do governo em não priorizar, é essa ligação emocional das pessoas com o que é nosso. Temos oportunidades de vários locais para turismo e muita coisa está em ruínas”.

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Maior patrimônio do Rio

“A zona portuária. Temos um patrimônio da humanidade que é o Cais do Valongo totalmente abandonado. A Unesco tira título e não duvido tirar esse da gente. Temos ali uma região carregada de história que precisamos cuidar melhor”.

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Dica de livros:

Pedro Dória – 1565: Enquanto o Brasil nascia: A aventura de portugueses, franceses, índios e negros na fundação do país

João do Rio – A alma encantadora das ruas

Ruy Castro – Metrópole a beira mar

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