No início da década de 30, fugindo do antissemitismo crescente à época na Europa, o polonês Mauricio Fiszpan aportou no Rio. Filho de um fabricante e comerciante de perucas, resolveu desenvolver por aqui o know-how familiar e abriu um ateliê na Praça Tiradentes, onde confeccionava e vendia seus produtos. Mais de oitenta anos depois, o pequeno negócio se transformou em uma rede de lojas batizadas com o sobrenome do fundador. Suas prateleiras, embora tenham incorporado um leque de acessórios femininos, ainda exibem os adornos capilares que deflagraram o empreendimento. Neta do imigrante, Daniela Fiszpan decidiu aproveitar a expertise da empresa em favor do próximo. “Como recebia muitas cartas de instituições que pediam a doação de perucas para pessoas com câncer, resolvi fazer algo nesse sentido.” Foi assim que, em 2007, surgiu a Campanha do Bem. Realizada anualmente, a iniciativa, hoje em sua nona edição, tem como objetivo recolher doações para o programa de assistência aos pacientes do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Neste ano, o período de arrecadação começou no mês passado e vai até o dia 27.
“Colocar a peruca é uma sessão de terapia para as mulheres que lutam contra o câncer”
A campanha criada por Daniela estimula os clientes de suas lojas a deixar as perucas antigas nos próprios estabelecimentos, oferecendo um desconto de 20% na compra de uma nova. Os itens arrecadados seguem para o ateliê da empresa, onde uma equipe faz a higienização e a modernização dos adornos, para que possam ser entregues às pacientes do hospital. “É gratificante ver que estou contribuindo para melhorar a autoestima delas. Colocar a peruca é uma sessão de terapia para essas mulheres: elas se veem lindas e sentem que podem vencer a doença.” Em 2015, a atriz Luana Piovani apadrinha a campanha, que, em outras edições, recebeu o apoio de personalidades como Maria Paula, Lavínia Vlasak e Beth Lago. Desde que a iniciativa foi criada, já foram doadas 1 304 perucas. Nesta edição, a meta é chegar a 300. “A ideia é aumentar esse número a cada ano, para que, futuramente, possamos contemplar outras instituições”, almeja Daniela.
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