O ex-executivo Leandro Andrade Azevedo, ex-diretor de Infraestrutura da Odebrecht no Rio de Janeiro, afirmou em delação que pagamentos de caixa 2 feitos ao governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), na campanha de 2014 foram para manter o “acesso privilegiado” que a empreiteira já tinha ao governo do antecessor, Sérgio Cabral (PMDB), preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.
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Os pagamentos da empreiteira, segundo ele, resultaram em um Pezão “muito acessível” para ajudar na liberação de recursos à empresa por obras no Rio. “Pezão, por diversas vezes, interveio pessoalmente para resolver questões que atendiam ao interesse da companhia. Posso dizer que isso aconteceu principalmente na obra do metrô, a principal do governo”, relatou o ex-executivo.
Detalhes sobre a delação foram revelados pela coluna Radar, da revista “Veja”, no sábado (10), e confirmados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, que teve acesso ao teor de alguns dos anexos negociados pelo colaborador com o Ministério Público Federal. Conforme e revista, a empresa desembolsou R$ 23,6 milhões e 800 mil euros à campanha de Pezão.
Os valores foram pagos à agência Prole, que cuidava de publicidade eleitoral, em espécie e também numa conta no exterior.
“Pezão, como governador, me recebia a qualquer hora, tendo inclusive me recebido algumas vezes em sua residência, no Leblon, para tratar de assuntos que diziam respeito ao dia a dia das obras, especialmente, buscando a sua interferência nos atrasos de pagamento”, afirmou o ex-executivo.
Contas aprovadasPezão disse nesta segunda-feira, 12, que não teme os depoimentos de executivos e ex-executivos da Odebrecht. “Não tenho nada a temer. Tive minhas contas já aprovadas pela Justiça eleitoral”, afirmou o governador, após participar de reunião sobre a crise fiscal com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), no Rio.
O governador declarou que esta não é a primeira vez que seu nome é citado em delações premiadas. “Espero que venha oficialmente, como veio a delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto (Costa, um dos primeiros delatores da Lava Jato), em que a própria Polícia Federal já pediu o arquivamento e viu que não procedia”, disse o peemedebista.
Pezão confirmou as duas reuniões mencionadas. Uma delas, em sua casa, tratou da finalização das obras do Metrô do Rio. A segunda tratou da concessão do Maracanã à iniciativa privada – a Odebrecht era sócia do consórcio operador. Ele, no entanto, negou qualquer irregularidade. “Devemos tomar cuidado com a seletividade dessas delações”, disse Pezão.