O economista Carlos Miranda, amigo de Rio Sérgio Cabral (MDB), revelou na sua delação premiada que o ex-governador distribuía propina da Federação das Empresas de Transportes do Rio (Fetranspor) a deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). As quantias, segundo Miranda, variavam de acordo com o “grau de influência” e “importância” do parlamentar.
A entidade gastava de R$ 500 mil a R$ 1 milhão a cada mês em propinas aos deputados durante o período em que Cabral presidiu a Casa, de 1995 a 2002, ainda de acordo com o delator, apontado como “homem da mala” do ex-governador.
Miranda disse que o presidente afastado da Alerj, Jorge Picciani (MDB), e Cabral, “principais líderes da Casa à época”, eram responsáveis pelas “negociações”. Embora não tenha indicado parlamentares beneficiados pelas propinas, o economista revelou que o ex-governador ficava com as maiores parcelas “por ser presidente do órgão”.
Os pagamentos ocorreriam na sala da presidência ou na nos gabinetes dos deputados que os recebiam. As quantias eram entregues em envelopes. A contrapartida era o apoio aos interesses da federação, que abrange sindicatos como o Rio Ônibus, que representam mais de 200 empresas de transporte e 81% do setor regularizado do Rio.
Miranda afirmou que seu contato mais próximo com os pagamentos se deu em 1997, quando Cabral o convidou para trabalhar na Consultoria de Orçamento e Finanças da presidência da Alerj. O intermediário do ex-governador era José Carlos Lavouras, ex-presidente do Conselho de Administração da Fetranspor, denunciado na Operação Ponto Final.