Nomeado pelo governador Cláudio Castro, o delegado Marcus Vinícius Amim Fernandes é novo secretário de Polícia Civil do estado. Ele ocupa o lugar deixado pelo também delegado José Renato Torres do Nascimento, exonerado após nele permanecer por apenas 22 dias. A decisão foi publicada no Diário Oficial do estado desta quinta (19) e foi possível graças a uma manobra política de véspera: na quarta (18), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) aprovou um projeto que alterou o artigo 16 da Lei Complementar 204, a Lei Orgânica da Polícia Civil, proposto pelo governo do estado. Isso permitiu que delegados com menos de 15 anos no exercício da função possam assumir o comando da pasta.
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Marcus Amim é delegado da Polícia Civil há 10 anos, mas já está na instituição desde 2002. Como delegado titular, comandou a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), a Delegacia Especializada em Armas Munições e Explosivos (Desarme) e a 27ª DP (Vicente Carvalho). Desde junho, ele presidia o Detran.
Sessenta e um deputados votaram a favor da alteração e oito contra – a bancada do PSOL e os deputados Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB), Martha Rocha (PTB), Elika Takimoto (PT) e Carlos Augusto (PL). Antes da votação, entidades de classe que representam policiais civis e delegados do Rio divulgaram uma nota de repúdio contra a modificação. A categoria diz que a mudança atende a um “capricho pessoal” do governador. “Infelizmente, a prática corriqueira de interferências políticas diretas na escolha do chefe da Polícia Civil pelos mais diversos agentes externos, se tornou tão banal e escancarada no Estado do Rio de Janeiro que não causa mais sequer surpresa ou perplexidade a sociedade carioca”, diz a nota, assinada pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro (Sindepol-RJ), pelo Sindicato dos Policiais Civis Estado do Rio de Janeiro (Sindpol-RJ) e pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro (Adepol-RJ).
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O delegado José Renato Torres pediu exoneração do cargo de secretário de Polícia Civil na tarde desta quarta (18) um dia após Castro enviar o projeto de mudança à Alerj. A saída de Torres é polêmica, pois sua nomeação, em setembro, já teria acontecido contra a vontade de deputados da Alerj. Seu substituto, no entanto, tem o apoio dos parlamentares, sobretudo de Marcio Canella (União Brasil).