Tido como uma das mais complicadas instalações destinadas aos Jogos Olímpicos de 2016, o circuito de canoagem slalom, em Deodoro, avança para uma fase decisiva de construção. Após a terraplanagem, 900 operários iniciam a concretagem da área. Tudo para que surja um lago com 13 000 metros quadrados e dois canais que, somados, vão chegar a 400 metros de extensão. Trata-se de um sistema aquático que simulará as condições de um rio cheio de corredeiras. Proveniente de uma adutora da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), a água é estocada no lago, que tem capacidade para 26 000 metros cúbicos, o equivalente a oito piscinas olímpicas.
Dali, um sistema de sete bombas transportará a água para o ponto mais alto do circuito, de onde ela descerá na forma de um turbilhão caudaloso. No trajeto, a torrente encontrará 125 obstáculos artificiais, dispostos com o intuito de recriar cenários como as pedras encontradas em rios turbulentos, além de trechos repletos de ondas e redemoinhos. “É um empreendimento com nível de sofisticação muito elevado”, diz Roberto Ainbinder, diretor de projetos da Empresa Olímpica Municipal. “Ao contrário das arenas, não se trata de uma construção estática. Para controlar seu funcionamento é necessário operar complexos sistemas elétricos e hidráulicos”, compara.
Se em ambiente natural a correnteza apresenta comportamento imprevisível (por isso rios de verdade não costumam ser usados em Olimpíadas), esse córrego artificial é inteiramente controlado por uma sala de monitoramento. Painéis eletrônicos permitem que se ajustem o fluxo e a pressão da água, e quem estiver no comando poderá acionar as barreiras ao simples toque de um botão. Produzidas com placas pré-fabricadas, são elas que aumentam e diminuem a velocidade da torrente e, consequentemente, a dificuldade da prova para os atletas.Em novembro (com quase um ano de atraso), a parafernália que compõe os dois canais e o lago deverá estar pronta, para que se realize um evento-teste.
A simulação vai ocorrer sem que o entorno esteja finalizado, o que inclui a construção de arquibancadas com 8 500 assentos. Nos Jogos, para alcançar o ouro, o esportista precisa percorrer todo o circuito duas vezes, somando-se os tempos. O resultado final será uma combinação entre a demora em concluir a prova e o desempenho diante das barreiras. Ao lado da pista de ciclismo BMX, a canoagem slalom constitui o chamado Parque Radical, que, encerrada a competição, deve ser aberto ao público. Em tamanho, será o segundo maior do Rio, perdendo para o Aterro do Flamengo. Mas a aventura e as altas doses de adrenalina deverão se restringir ao período do torneio, já que o local será convertido em piscina para o lazer dos cariocas.