A decisão da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em tornar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no âmbito da Operação Lava Jato agravou a situação do peemedebista na Casa. Deputados de oposição e governistas pediram em plenário a renúncia de Cunha.
Para integrantes do Conselho de Ética da Câmara, a nova condição do presidente da Casa reforça um futuro pedido de cassação. “Estamos aqui a pedir sua renúncia para que a Câmara possa aliviadamente respirar. Não podemos mais ficar aqui olhando como se nada estivesse acontecendo. Mudou tudo a partir de hoje”, declarou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).
+ Associação que defende direitos da mulher denuncia Cunha à OEA
“É muito constrangedor ter que vir à tribuna dizer isso na frente do presidente da Câmara, que vira as costas. Até quando vamos viver isso?”, indagou Bueno, acusando Cunha de promover “chicana” e “obstruções”.
Governistas também atacaram. “Estamos nesta tribuna, em nome da bancada do PT, pedindo o imediato afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Casa (Câmara)”, afirmou o deputado Henrique Fontana (RS). “Ele é covarde, arrogante. Levanta da Mesa, vira o rosto. Suas mentiras estão chegando ao fim”, disse.
A tropa de choque do peemedebista reagiu. “Está cheio de juiz nesta Casa. Queria pedir aos colegas que respeitassem Vossa Excelência, que não foi condenado. Temos que respeitar o direito que Vossa Excelência tem de se defender no STF”, disse o deputado Laerte Bessa (PR-DF), integrante da “bancada da bala”, uma das frentes de sustentação a Cunha.
Misto, goiaba e café
O peemedebista tentou expressar tranquilidade. “Estou tranquilo porque estou com a verdade, estou com a inocência. Não tenho nada com o que me preocupar”, afirmou o presidente da Câmara. Ele acompanhou o julgamento pela TV, em seu gabinete. Quem passou por lá disse que, comendo misto quente, tomando suco de goiaba e café, o peemedebista parecia despreocupado.
Conselho
Para integrantes do Conselho de Ética, a decisão parcial do STF já garante condições para que o relator do processo contra Cunha, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), retome em seu parecer elementos que haviam sido retirados por pressão do deputado Paulo Azi (DEM-BA), que poderia alterar o placar final da votação do colegiado, beneficiando o presidente da Câmara. Com o clima desfavorável a Cunha, seus opositores dizem que a tese de cassação do parlamentar torna a ganhar força.
Contrariando o discurso de seus aliados, Cunha disse que pretende recorrer da votação no Conselho de Ética em todas as instâncias que forem possíveis.