A concessão da administração do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro à empresa Cataratas do Iguaçu, no início do mês, foi comemorada como o fim dos problemas da instituição. Desde março de 2015, quando VEJA RIO publicou uma reportagem denunciando as precárias condições do lugar, o Rio Zoo embicou em uma espiral de decadência até sua interdição pelo Ibama, em janeiro, por um período de dois meses. Com a transferência da gestão, sacramentada pela Secretaria Municipal de Concessões e Parcerias Público-Privadas (Secpar), desenhava-se o melhor dos mundos para o parque. A companhia comprometia-se a investir 65 milhões de reais em obras no local nos próximos dois anos em troca da sua exploração comercial por 35 anos.
O cenário róseo traçado para o Zoo Rio começou a turvar-se na semana retrasada e desandou feio na última terça (25), quando a prefeitura foi obrigada a retomar o parque por determinação judicial. O principal problema apontado pela desembargadora Márcia Cunha, da 21ª Vara Civil do Tribunal de Justiça do Rio, para a suspensão da operação foi o fato de o próprio Grupo Cataratas ter preparado o projeto básico de concessão que norteou a licitação — ou seja, elaborou as condições que ele próprio viria a assumir meses depois. Os advogados da empresa recorreram da decisão. Segundo eles, não há ilegalidade na conduta. A pedido da prefeitura, o Grupo Cataratas, que alega ter investido 2 milhões de reais em obras, continua à frente do zoo por vinte dias. Em 26 de outubro, a Secpar fechou a contratação emergencial da companhia para a “realização de atividades necessárias e suficientes para a manutenção do bem-estar animal, limpeza e segurança” do parque, conforme despacho do secretário Jorge Arrais, publicado no Diário Oficial. Pelo serviço, o Grupo Cataratas receberá dos cofres públicos 830 000 reais.