Este ano, a Marquês de Sapucaí está vazia no Carnaval. A prefeitura do Rio, inclusive, prestou uma homenagem às principais agremiações cariocas iluminando a Avenida com as cores características de cada escola. Veja no vídeo abaixo.
Para os saudosos da folia na Sapucaí, VEJA Rio separou dez desfiles icônicos – que podem ser revistos no YouTube para relembrar a suntuosidade e a alegria genuína do Carnaval carioca. Confira:
+ Rio ultrapassa 31 000 mortes por Covid-19
Mangueira – Brazil Com Z É Pra Cabra da Peste, Brasil Com S É a Nação do Nordeste (2002).
Capitaneado por Max Lopes, o enredo que homenageava o povo nordestino e teve um dos sambas mais marcantes dos últimos tempos, o desfile da Verde e Rosa encantou jurados e públicos e foi o grande campeão daquele ano. O samba, composto por Amendoim e Lequinho, até hoje é reproduzido em diversos blocos de Carnaval do Rio.
+ Para receber VEJA Rio em casa, clique aqui
Salgueiro – Tambor (2009).
O belíssimo e inventivo enredo fez com que a escola tijucana conquistasse seu nono título do Carnaval carioca. Recuperando a tradição de tratar de temas africanos no desfile, o carnavalesco Renato Lage idealizou uma narrativa sobre a importância do instrumento de percussão ao longo da história.
Portela – Quem Nunca Sentiu o Corpo Arrepiar ao ver Esse Rio Passar? (2017).
Após 33 anos sem vencer um Carnaval, a Portela deu a volta por cima em 2017, com Paulo Barros assinando um desfile luxuoso sobre os rios brasileiros, e conquistou o caneco. A curiosidade é que a escola teve que dividir o prêmio daquele ano com a Mocidade Independente de Padre Miguel. A agremiação da Zona Oeste havia perdido para a Azul e Branca de Oswaldo Cruz e Madureira por um décimo. O ponto em questão se deu por um erro do julgador Valmir Aleixo que, ao avaliar o quesito enredo, se baseou na versão antiga do livro Abre-alas e tirou ponto da Mocidade, alegando que ela não apresentou um destaque de chão que, na versão atualizada, não iria mais se apresentar. O campeonato, então, dividido entre as duas tradicionais escolas.
+ Mensagem gaiata nas redes brinca com nomes de blocos ajustados à pandemia
Beija-Flor – Áfricas – Do Berço Real à Corte Brasiliana (2007).
Potência absoluta da folia, a Beija-Flor só entra na Avenida para ganhar e a força da escola junto à comunidade de Nilópolis, que participa em peso do desfile, é de arrepiar. O enredo de Laíla, Fran Sérgio, Shangai, Ubiratan Silva e Alexandre Louzada deu à agremiação seu décimo título. O campeonato lavou a alma da escola, que no ano anterior havia amargado a quinta colocação.
Unidos da Tijuca – O Sonho da Criação e a Criação do Sonho: a Arte da Ciência no Tempo do Impossível (2004).
Apesar de não ter se sagrado campeã com o enredo – a Tijuca ficou em segundo lugar, perdendo para a Beija-Flor – a escola inaugurou, com Paulo Barros um novo momento das alegorias. Através de um enredo que tratava dos avanços da ciência, o carnavalesco provocou uma verdadeira revolução na estética dos desfiles ao apresentar bailarinos fazendo movimentos do DNA em um dos carros alegóricos. A ideia, muito bem executada, foi até destaque na revista britânica Nature.
Unidos de Vila Isabel – A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo – Água no Feijão que Chegou Mais Um (2013).
Um dos sambas mais bonitos – e ousados – dos últimos tempos, a composição de Martinho da Vila, Tunico da Vila, Arlindo Cruz, André Diniz e Leonel deu à Vila o título daquele ano e entrou de vez para as seleções das rodas de samba do Rio. Patrocinado por uma gigante dos fertilizantes, a escola recebeu cerca de R$ 10 milhões e se mostrou bem superior às oponentes. O resultado, é claro, não poderia ter sido outro.
União da Ilha – É Brinquedo, é Brincadeira. A Ilha Vai Levantar Poeira! (2014).
Após um tempo sem “ir para as cabeças”, a escola surpreendeu espectadores e júri ao fazer um lindo desfile, lúdico e colorido, sobre brinquedos e brincadeiras. A agremiação da Zona Norte chegou a ser apontada como forte candidata ao título, mas acabou ficando em quarto lugar, um ótimo resultado, à frente de gigantes como Beija-Flor, Imperatriz e Mangueira. Esse desfile fez com que a Ilha voltasse à força que tinha nas décadas de 80 e 90.
Paraíso do Tuiuti – Meu Deus! Meu Deus! Está Extinta a Escravidão? (2018).
Fundada em 1952, a escola de São Cristóvão nunca levantou a taça do Grupo Especial do Carnaval carioca. Em 2018, o título chegou perto. Com um enredo bastante politizado sobre os 130 anos da Lei Áurea, a agremiação ficou em segundo lugar. Da escravidão aos guerreiros da CLT, a Tuiuti traçou um belo panorama do trabalho no Brasil e teve a ousadia de comparar o então presidente Michel Temer a um vampiro.
+ Carnaval em casa: dez playlists para aproveitar a folia em casa
Mocidade Independente de Padre Miguel – Chuê Chuá As Águas Vão Rolar (1991).
“Lá vem a bateria da Mocidade Independente… Não existe mais quente”. A tradição de mestre André até hoje se reflete nos surdos, caixas e bumbos da escola da Zona Oeste. O desfile de 1991 deu a mestre Jorjão seu primeiro Estandarte de Ouro à frente da bateria e fez com a escola conquistasse o bicampeonato e quarto título da história. O enredo de Renato Lage e Lilian Rabello encantou o público e o samba de Jorginho Medeiros, Tiãozinho da Mocidade e Toco fez todo mundo cantar a plenos pulmões.
Imperatriz Leopoldinense – Cana-Caiana, Cana Roxa, Cana Fita, Cana Preta, Amarela, Pernambuco… Quero Vê Descê o Suco, na Pancada do Ganzá (2001).
Com uma passagem impecável pela Avenida, a escola de Ramos se tornou a primeira tricampeã do Sambódromo. O enredo sobre cachaça foi o quinto título de Rosa Magalhães na agremiação. A qualidade das alegorias e a originalidade das fantasias, associadas a um samba que todo mundo cantou junto, empolgou a escola. Na apuração, a Imperatriz levou nota dez de todos os jurados, em todos os quesitos.