Bingo – O Rei das Manhãs
Premiado montador de Cidade de Deus, Tropa de Elite e RoboCop, Daniel Rezende estreia como diretor de longa-metragem em um trabalho primoroso. Com roteiro redondinho de Luiz Bolognesi e refinadíssima recriação de época, Bingo — O Rei das Manhãs enfoca a trepidante trajetória de Arlindo Barreto, hoje com 64 anos. Filho da atriz e jurada de calouros Márcia de Windsor (interpretada por Ana Lúcia Torre), Barreto foi ator de pornochanchadas e teve um filho com uma atriz de telenovelas. Pai sempre presente, tomou uma decisão arriscada ao fazer um teste, no SBT, para interpretar o palhaço Bozo (aqui trocado por Bingo), no início da década de 80. Fez sucesso. O vício em cocaína e as baladas, contudo, o levaram para outros caminhos. Mesmo sem dar nome aos “bois”, a trama traz à cena personagens reais (como a cantora Gretchen) envolvidos em situações polêmicas. O êxito está em dois lados: na sinceridade como a história é contada e na realização esfuziante de Rezende. Na pele do protagonista, um inquieto Vladimir Brichta (na foto) encontra seu melhor papel no cinema. Direção: Daniel Rezende (Brasil, 2017, 113min). 16 anos.
Jacob Collier
Apontado pelo jornal britânico The Guardian como “o novo messias do jazz” e empresariado pelo megaprodutor Quincy Jones, o garoto prodígio britânico de 23 anos despontou na internet. Ao vivo, Collier, vencedor de dois Grammy neste ano, canta e desdobra-se no violão, baixo, piano, harmônica, banjo, percussão, sintetizadores e instrumentos inventados por ele, na fusão original de jazz, beat box, folk, gospel e momentos a capela registrada em seu disco de estreia, In My Room. Vivo Rio. Avenida Infante Dom Henrique, 85, Flamengo. Sexta (25), 22h. R$ 140,00 (pista) a R$ 280,00 (camarote A).
Lindsey Stirling
Violinista e dançarina, a americana concilia os dois talentos no palco de forma esfuziante, afinando o instrumento a serviço da música pop e eletrônica. Sensação do YouTube, no qual tem 9 milhões de seguidores, a artista traz ao Rio a turnê do novo álbum, Brave Enough. Os admiradores da moça podem esperar por sucessos como Shatter Me, composta após uma vitória sobre a anorexia. KM de Vantagens Hall. Avenida Ayrton Senna, 3000, Barra (Via Parque). Sábado (26), 21h30. R$ 220,00 (cadeira lateral) a R$ 550,00 (cadeira vip).
Portátil
Inspirada no formato americano de improviso chamado long form, a peça que reúne alguns dos integrantes do canal Porta dos Fundos dispensa jogos ou esquetes. Uma história com início, meio e fim é criada pelo elenco com base em uma pequena entrevista realizada com uma pessoa da plateia. Depois de responder a perguntas sobre sua família, seu trabalho e seu maior sonho, ela acompanha uma reconstituição da própria vida. Em cena, Gregorio Duvivier, João Vicente de Castro, Luis Lobianco e Gustavo Miranda demonstram um tempo de comédia certeiro, além de muita confiança uns nos outros. Direção de Barbara Duvivier. Imperator. Rua Dias da Cruz, 170, Méier. Sexta e sábado, 20h; domingo, 19h. R$ 50,00.
Mul.Ti.Plo Espaço de Arte
Com produção extensa e constante desde o início dos anos 1960, Waltercio Caldas tornou-se um dos grandes representantes da arte contemporânea nacional, especialmente em se tratando de desenhos. Não por acaso, essa é a técnica que domina a mostra Estados de Imagem, em cartaz a partir de quinta (24), na Mul.Ti.Plo Espaço de Arte. O acervo traz quinze obras inéditas (como a da foto, sem título), além de três objetos e um múltiplo concebido especialmente para a ocasião. Neste ano, o artista ainda fará duas mostras de esculturas em Paris e Genebra. Mul.Ti.Plo Espaço de Arte. Rua Dias Ferreira, 417 (sala 206), Leblon. Segunda a sexta, 10h às 18h30; sábado, 10h às 14h. Grátis. Até 21 de outubro.
Dunkirk
Desde Amnésia (2000), o diretor Christopher Nolan vem surpreendendo com um cinema de fantasia, a exemplo da trilogia Batman, o Cavaleiro das Trevas e A Origem. Esqueça, porém, o passado do realizador para embarcar em seu melhor trabalho. Dunkirk, inspirado em caso verídico, impressiona não só pela mudança de registro. Sai a ficção e entra um espetáculo audiovisual realista como raras vezes o cinema produziu nos últimos anos. O fato em questão é a Batalha de Dunquerque, como ficou conhecido o episódio da II Guerra, ocorrido entre 26 de maio e 4 de junho de 1940. Encurralados pelos alemães na cidade da França, os cerca de 400 000 soldados franceses e britânicos esperaram para serem resgatados pelo mar. O primeiro diferencial está no formato do roteiro. Três ações intercaladas ocorrem com tempos distintos. Durante uma semana, na praia, os rapazes, entre eles o jovem interpretado por Fionn Whitehead (na foto), aguardam o angustiante embarque. Em um dia, um senhor inglês (Mark Rylance) e dois adolescentes atravessam o Canal da Mancha num pequeno iate. E, em uma hora, um piloto (Tom Hardy) tenta abater os inimigos no ar. Mas o que faz Dunkirk ser excepcional é a realização estupenda (e, obrigatoriamente, para ser visto num cinema com ótima projeção). Nolan, desde a primeira cena, pretende “jogar” a plateia no centro do conflito bélico. E o faz com sucesso. Com potentes trilha e efeitos sonoros, o espectador testemunha a guerra como ela foi. O cineasta abre mão da sanguinolência e de corpos dilacerados, truques chocantes usados por outros diretores. A intenção é a do mergulho sensorial, feito com brilho irretocável. Direção: Christopher Nolan (EUA/França/Holanda/Inglaterra, 2017, 106min). 14 anos.
Abacaxi
Rosto conhecido nos humorísticos Zorra e Tá no Ar: a TV na TV, Veronica Debom foi incentivada pela colega Debora Lamm a tirar da gaveta o texto que escreveu sobre variadas formas de relacionamento. A amiga, inclusive, dirige a montagem da peça, que a autora estrela ao lado do marido, Felipe Rocha, no Espaço Cultural Sérgio Porto. Conta a favor o entrosamento da dupla em cena, no papel de diversos casais. A todo momento, alguém se identifica com alguma situação. Gargalhadas cúmplices e cutucões na plateia são explorados pelos atores. A criativa cenografia de Mina Quental ambienta as diferentes histórias e a trilha sonora, de Rafael Rocha, é executada ao vivo. Fique de olho: a cena que explica o nome da montagem é uma das melhores (80min). 14 anos. Espaço Cultural Sérgio Porto. Rua Humaitá, 163, Humaitá. Sábado e segunda, 21h; domingo, 20h. R$ 40,00.
Últimos dias em Havana
O diretor cubano Fernando Pérez faz uma crítica afiada (e comovente) de seu país na mistura de comédia e drama de Últimos Dias em Havana. São dois protagonistas de posições opostas. De um lado está o amargo Miguel (Patricio Wood), um cinquentão lavador de pratos que, contrário ao regime comunista, sonha em ir para os Estados Unidos. Na outra ponta encontra-se Diego (Jorge Martínez, na foto), um gay efusivo e com avançados problemas de saúde por causa do vírus da aids. Amigos, eles pouco se entendem. A decadência de Havana está espelhada em personagens envolvidos em conflitos simples, mas de pulsação realista. Direção: Fernando Pérez (Últimos Días en La Habana, Cuba/Espanha, 2016, 93min). 14 anos.
Rio Beer Rock Festival
Três das principais cervejarias artesanais cariocas levam suas geladas para a primeira edição do Rio Beer Rock Festival. Sobem ao palco as bandas Black Dog, cover oficial do Led Zeppelin; The Windows, tributo ao The Doors; AC/DC Cover e Motorgun, com clássicos do gênero. Nas torneiras, rótulos das marcas Hocus Pocus (foto), Green Lab e Botto Bier, em 300 mililitros. Da última, uma receita exclusiva para o evento é a czech amber lager (R$ 10,00). Novidade da Green Lab, a Grasshopper Blues é uma new england double IPA (R$ 18,00). Tijuca Tênis Clube. Rua Conde de Bonfim, 451, Tijuca. Sábado (26), 17h. R$ 60,00 (pista) a R$ 140,00 (camarote premium).
Afterimage
O diretor polonês Andrzej Wajda (1926-2016), realizador de trabalhos memoráveis como O Homem de Ferro e Katyn, encerrou sua carreira em alta com Afterimage. Trata-se aqui do fim da trajetória artística e pessoal de Wladyslaw Strzeminski (Boguslaw Linda, na foto), pintor vanguardista e idolatrado por seus alunos como professor de história da arte em Lodz, na Polônia. Crítico ao regime socialista, Strzeminski passou períodos obscuros sob o jugo soviético no final dos anos 40. Mutilado (ele perdeu um braço e uma perna na I Guerra), enfrentou o sistema com uma valentia ímpar. Wajda foi feliz ao escolher apenas o crepúsculo do artista. Assim, traçou um paralelo com a ascensão da ditadura stalinista e o amargo desfecho de um genialidade interrompida. Direção: Andrzej Wajda (Powidoki, Polônia, 2016, 98min). 12 anos.