A novidade veio dar quase na praia. Desde a manhã do domingo, dia 20, uma quantia indefinida de numerário foi vista boiando nas águas sujas da Baía, às margens do bairro da Urca. O cardume de papel-moeda era formado por cédulas de valores graúdos, 50 e 100 reais. Não deu outra: a turma lançou-se ao mar atrás da grana. Alguns se aventuraram a bordo de embarcações de tamanhos variados, outros com equipamento de mergulho profissional. Houve até quem tentasse a sorte de roupa e tudo, carteira e celular no bolso — caso de Alex Conceição, flagrado em reportagem de Clarissa Monteagudo e Júlia Cople publicada no jornal Extra. Alex voltou para casa de bolsos molhados e vazios, provavelmente porque começou tarde a caça ao tesouro, na terça (22). A ele, juntaram‑se pessoas de todos os cantos que, ao saber da notícia, foram tomadas de súbito amor pela pescaria. A concentração de gaiatos, curiosos e desesperados atrás de dinheiro fácil deu-se no ponto conhecido como Quadrado da Urca, atracadouro transformado em santuário ecológico da nova e rara atração aquática. Quem esbarrou com o fenômeno no início está comemorando. Roberto Pereira é pescador, categoria não exatamente famosa pela fidelidade de suas histórias, mas, exultante, contou ter resgatado 45 000 reais no domingo. Depois de nadar em dinheiro, comprou material para reformar seu barco. Houve quem retornasse à terra firme com até 10 000 reais. A origem das cédulas, em parte já se esfacelando depois do contato com a água salgada, ainda era ignorada até meados da semana. Na base da gozação, surgiram palpites como “deu a louca em um velho militar” e “veio no esgoto do Cabral”. Não faltou quem lembrasse da oferenda a Iemanjá feita pelo empresário Eike Batista, no último 2 de fevereiro, mas o acerto entre o ex-bilionário e a rainha dos mares aconteceu longe dali e em moedas de ouro. Todo mundo, no final das contas, deu um jeito de, ao menos, se divertir um pouco. A ajuda, em tempos de crise, vem dos lugares mais improváveis.