As disputas de milicianos pelo domínio de territórios, o que permite a lucrativa prática da extorsão contra moradores e comerciantes, já deixou pelo menos oito mortos e dez feridos desde o início deste ano no Rio. No primeiro mês de 2024, já houve invasão e tiroteio em pelo menos quatro regiões da Zona Oeste: Rio das Pedras, Muzema, Praça Seca e Gardênia Azul. De quarta (24) para quinta (25), por exemplo, traficantes do Comando Vermelho tentaram retomar o controle da Gardênia Azul após a entrada de milicianos na região. No confronto foram registradas duas mortes. Não por acaso, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) vai tirar 50 seções eleitorais de áreas da milícia na região.
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Os grupos milicianos brigam pela sucessão de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que se entregou à Polícia Federal em dezembro do ano passado sem deixar sucessor definido. Paramilitares e traficantes também se enfrentam, buscando ampliar suas áreas de atuação após a prisão do chefão. O movimento inicial para a guerra nas comunidades foi a formação de uma espécie de “consórcio” entre milicianos de Jacarepaguá. Segundo o jornal O Globo, as investigações apontam que alguns paramilitares se uniram para tentar tomar trechos da Gardênia, após a comunidade ter sido tomada por traficantes no ano passado. Com a investida dos milicianos, criminosos do Comando Vermelho, que hoje dominam a região, se deslocaram para Rio das Pedras, comunidade dominada pela milícia, em uma tentativa de fazer com que os paramilitares recuassem. Lá, três pessoas ficaram feridas e uma foi morta após intenso tiroteio.
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Neste contexto, o novo presidente do TRE, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, pretende mudar algumas seções de zonas eleitorais em regiões na Zona Oeste sob o domínio de paramilitares. O objetivo é garantir o pleito em áreas dominadas por milícias. Este ano haverá eleições municipais, em que serão eleitos prefeito e vereadores. Já foram mapeados 50 locais de votação que sofrerão alterações. As transferências, segundo Figueira, em entrevista ao jornal O Globo, serão feitas a partir de dados da inteligência das polícias federal, rodoviária, civil e militar, e Guarda Municipal, além dos ministérios públicos federal e estadual. “A gente tem que garantir a segurança dos eleitores, dando-lhes total liberdade para votarem sem qualquer tipo de pressão. Na verdade, não só a deles, mas também a dos candidatos durante a campanha eleitoral. Eu falo na liberdade de ir e vir das pessoas de maneira geral”, disse ele.