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Degraus da fé: um panorama da Escadaria da Penha e de seus frequentadores

Minidocumentário explora a beleza do monumento carioca e a importância do local para os fiéis

Por Davi Goulart*
Atualizado em 30 ago 2022, 18h49 - Publicado em 22 ago 2022, 20h34
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  • O novo minidocumentário Degraus da Fé destaca a histórica Escadaria da Penha, localizada no bairro de mesmo nome, na cidade do Rio de Janeiro. Dirigido pelas alunas da PUC-Rio Heloiza Batista, Luciana Perez e Maria Gama, o filme oferece uma visão contemplativa do templo católico e traz relatos dos fiéis que utilizam da ladeira para pagar suas promessas. 

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    A edificação encontra-se diante do Santuário de Nossa Senhora da Penha e possui 382 degraus. Entre corrimões repletos de fitas do Senhor do Bonfim e uma vista extensa da cidade do Rio de Janeiro, o filme propõe a observação do cotidiano do local.

    No lugar de uma abordagem histórica da edificação, o curta opta por uma apreciação do ambiente. “Eu queria muito que fosse algo contemplativo, que exigisse uma admiração da beleza das escadarias”, conta a diretora Heloiza Batista. “Chegamos à Penha totalmente abertos, deixamos as coisas acontecerem e filmamos o que as escadarias traziam para a gente”.

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    Moradora do bairro de Vigário Geral, Heloisa busca através do filme dar maior visibilidade à região onde cresceu. “Na hora que surgiu o projeto, pensei em fazer algo relacionado à Zona Norte, pois sou apaixonada por esse lugar. A ideia do documentário é trazer um olhar para uma memória muito importante do Rio de Janeiro. As pessoas só olham e admiram a Zona Sul, enquanto aqui é visto como área pobre e marginalizada”.

    A Basílica Santuário de Nossa Senhora da Penha tem sua história pautada no cumprimento de promessas. Em 1635, o proprietário da sesmaria que abrangia o atual bairro da Penha, capitão Baltazar de Abreu Cardoso, ordenou a construção de um pequeno templo no topo do morro após sobreviver ao ataque de uma serpente. A capela foi construída em agradecimento à Nossa Senhora, que teria livrado o capitão da morte.

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    A construção da escadaria foi iniciada no início do século XIX. Em narrativa popularmente difundida, a esposa de um casal com dificuldade para ter filhos, Sra. Maria Barbosa, prometeu a construção do acesso ao templo após conseguir engravidar. As escadas só foram concluídas no ano de 1819, tornando tão conhecido o local e popularizando a prática de subir o penhasco como pagamento de promessas. Ao longo do século XX o espaço recebeu diversas reformas e ampliações, tendo sido elevado à categoria de Basílica Menor pelo Papa Francisco no ano de 2016.

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    No minidocumentário, fiéis sobem a Escadaria da Penha de joelhos como forma de adoração. “A gente está subindo e sente a presença de Deus, isso é muito gratificante”, afirma um dos religiosos entrevistados.

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    A fé assume protagonismo através dos depoimentos e dos gestos dos frequentadores do local. “Quando cheguei ao local para fazer as imagens, observei uma mulher subindo a escada de joelhos ao lado de uma senhora. Comecei a filmá-las escondida, para não atrapalhar o momento. É um momento muito delicado, então tínhamos que achar o momento certo para conversar com os fiéis”, conta a também roteirista do curta.

    Andreza Lima, devota de Nossa Senhora da Penha, realizava o percurso em agradecimento a recuperação da mãe após uma internação de 17 dias por Covid-19. “Fiz a promessa que se minha mãe saísse daquele hospital com vida e sem sequelas, eu subiria a Escadaria da Penha de joelhos com ela do meu lado”, conta a religiosa. “Eu estava segurando a câmera e tentava não chorar. Eu não estava esperando algo tão forte naquele momento”, relembra Heloiza.

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    “As pessoas que viveram na Zona Norte têm muita admiração pela Igreja da Penha. Cresci frequentando o local e com uma vista belíssima das escadarias na janela da minha casa, conta a diretora. “A linha do documentário é fazer o espectador parar e observar que aqui [Zona Norte] também tem coisas bonitas, também tem coisas para se comtemplar”. 

    *Davi Goulart, estudante de Jornalismo da PUC-Rio, com orientação de professores da universidade e revisão final de Veja Rio.

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    Este conteúdo integra o conjunto transmídia que reúne produções em texto, áudio e vídeo sobre memória. Foram feitas por estudantes de Comunicação da PUC-Rio, com a orientação dos professores Alexandre Carauta, Creso Soares Jr., Chico Otavio, Felipe Gomberg, Luís Nachbin e Mauro Silveira.

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