Cenas de superação
Drica Moraes retorna aos palcos depois de vencer a batalha contra a leucemia
Poucas experiências são tão devastadoras quanto receber o diagnóstico de uma doença grave. O choque, por si só cruel, torna-se particularmente pungente para quem é jovem e está no auge das realizações pessoais e profissionais. Foi o que aconteceu com a atriz Drica Moraes, em fevereiro de 2010. Incomodada com uma febre e um mal-estar persistente, ela procurou um hospital. Acreditava que tudo não passava de uma virose de verão. Na verdade, ela sofria de leucemia mieloide aguda. Aos 40 anos, havia acabado de concluir as filmagens de Bruna Surfistinha, em que interpreta a personagem Dona Larissa, e, pouco antes, participara de O Bem Amado, longa-metragem de Guel Arraes, no qual deu vida a uma das irmãs Cajazeiras, Judiceia. Por um ano, deixou de lado a carreira e mergulhou em um tratamento duríssimo que incluiu quimioterapia e transplante de medula. Recuperada, voltou à TV no ano passado e gravou participações especiais na novela Ti Ti Ti e na minissérie Dercy de Verdade. Tudo em ritmo leve, de acordo com as exigências dos médicos. Agora Drica se prepara para encarar seu primeiro grande desafio: a volta aos palcos. Na quinta- feira (15), estreia no Teatro Poeira a comédia dramática A Primeira Vista, do canadense Daniel MacIvor, para a qual tem se preparado arduamente desde janeiro. ?Eu ainda me canso um pouco com a rotina de ensaios, mas estou muito empolgada com essa volta?, afirma ela, que tomou uma série de vacinas para reforçar seu sistema imunológico, necessidade fundamental para quem interpretará diante de uma plateia de 200 pessoas por apresentação.
Marcada por reminiscências juvenis e bom humor, a peça de MacIvor (o mesmo autor do sucesso In on It, encenada no Rio em 2009) conta a história de duas amigas, L e M, ao longo de quinze anos. Drica é L e Mariana Lima é M. Vai da adolescência, quando as duas montam uma banda de rock – As Ukeleladies – até a idade adulta, depois dos 30 anos. Para tanto, ambas tiveram aulas de guitarra, contrabaixo e uquelele, instrumento de origem havaiana que lembra um cavaquinho. ?Para dizer a verdade, levei dois dias para aprender a tocar, porque tem só quatro cordas e é mais fácil do que o cavaquinho?, revela a atriz, que aprendeu os macetes com Fabiano Krieger, um dos diretores musicais da produção. Na apresentação, elas cantam os sucessos Come as You Are, do Nirvana, e Troubled Waters, da americana Cat Power. A direção é do premiado Enrique Diaz, ex-namorado de Drica e casado com Mariana. ?Juntos reviramos o baú de memórias. É isso que torna esse trabalho tão especial?, diz ela, que planeja viajar com a montagem para várias capitais e encerrar a temporada em São Paulo.