Em 1989, então com 21 anos, o ator fez sua estreia nos palcos em uma montagem de Os Doze Trabalhos de Hércules. De lá para cá, construiu uma carreira fincada em produções adultas para televisão, cinema e teatro. Vez por outra, porém, encontra tempo para se dedicar a trabalhos para crianças: em 1992, protagonizou o musical Robin Hood e, oito anos depois, integrou o elenco de Pedro Versus o Lobo. No ano passado, voltou ao público infantil com O Menino que Vendia Palavras, espetáculo baseado no premiado livro homônimo de Ignácio de Loyola Brandão. Depois de viajar por São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte, entre outras cidades, a peça volta no sábado (14) ao Rio – onde estreou em agosto do ano passado -, no Teatro dos Quatro.
Como foi decidida mais esta volta ao teatro infantil? O Pablo Sanábio, meu amigo e idealizador do projeto (que vive o filho do personagem de Moscovis no espetáculo), me convidou. Não conhecia o livro, mas fiquei fascinado logo que comecei a leitura. Foi um mergulho profundo que me fez descobrir várias camadas de significados. Na verdade, a peça dialoga fortemente com o livro, mas não se encerra nele. O resultado que se vê no palco veio através de jogos e improvisações durante os mais de três meses de ensaios. Eu vinha de dois projetos adultos que se desenvolveram dessa forma: Corte Seco e O Livro. A única diferença agora, de atuar para crianças, é a sinceridade desconcertante do público infantil.
Ao término do espetáculo, a biblioteca do seu personagem é aberta ao público para uma sessão de leitura. De quem foi essa ideia? Não lembro de quem foi, mas achei bárbara. As crianças embarcam para valer na proposta. Nós, atores, não ficamos no palco nesse momento porque o foco é mesmo na leitura. A intenção é proporcionar a pais e filhos esse momento para eles, e só para eles. Em casa, eu já li e leio muito para e com as minhas filhas (Gabriela, 9 anos, Sophia, 7, e Manuela, 1).
Mesmo com trabalhos variados no currículo, você carrega uma imagem de galã de televisão. Já foi cantado por alguma mãe mais atirada ao longo da temporada da peça? Não, isso nunca aconteceu. Interpreto dois personagens no espetáculo: o pai e um menino da turma, o João Perneta. São dois tipos totalmente distintos, e diferentes dos outros personagens que já interpretei. Recebemos vários elogios dos pais nas cidades por onde passamos, fomos sempre muito bem recebidos.