Eduardo Paes sobre quarto mandato: “O espírito é de um governo novo”
Com 30 quilos a menos, prefeito retorna revigorado ao cargo em janeiro e garante um grande show internacional por ano na Praia de Copacabana até 2028

Em janeiro de 2025, Eduardo Paes estreia seu quarto mandato como prefeito do Rio de Janeiro e, apesar do repeteco, garante que, aos 55 anos, chega revigorado à cadeira. “Para mim, não é quarto mandato, é um novo governo. Esse é o espírito”, diz, no mesmo dia em que assinou um contrato de sigilo em torno das últimas etapas de negociação para que a cantora Lady Gaga seja a estrela do próximo grande show internacional, em maio, nas areias de Copacabana — assunto que mobiliza os locais. “Me fizeram assinar. Todo mundo me veta, acha que vou vazar tudo para a imprensa, botar nas redes sociais”, fala o alcaide, que é dado mesmo a um bom papo. Depois de realizar o bem-sucedido G20 no Rio, o político que tem o leme da cidade na mão, reeleito com 60% dos votos no primeiro turno, encarará grandes desafios no horizonte, como os nós da segurança (na parte que lhe compete), a saúde e a prevenção de trágicos deslizamentos e enchentes na temporada de calor. Em entrevista a VEJA RIO, Paes deu mais detalhes sobre o projeto de armar a Guarda Municipal, promessa de campanha, a distribuição gratuita na rede pública da medicação de emagrecimento que o ajudou a subtrair 30 quilos na balança e as novas diretrizes para os enroscos da desordem urbana. “A gente quer a cidade celebrando, viva, em festa, mas tem que respeitar as regras”, repete, feliz com a função sobre a qual não se cansa de dizer: “Não há nada melhor do que ser prefeito do Rio”.
Qual legado o G20, o encontro das maiores economias do mundo, deixou à cidade? Tem um legado concreto, que foi a reforma do MAM, mas o principal mesmo é a imagem, o branding. Quando fazemos uma final da Copa do Mundo, com bilhões de pessoas assistindo, uma Olimpíada, um show da Madonna, o G20, a gente se mantém como uma cidade desejada no Brasil e no mundo.
Acredita que o Rio está recuperando o protagonismo? Acho que sim. O Rio precisa do Brasil e o Brasil precisa do Rio, não é? Se o Brasil estiver muito mal também, nós é que mais sentimos. O que temos agora é um momento melhor do país no cenário mundial, e o Rio de Janeiro caminha junto.
A prefeitura se ofereceu para sediar o encontro do Brics em 2025, quando o Brasil assume a presidência do grupo. Já houve resposta do presidente? Ainda não, porque o Lula fica achando que eu peço tudo para ele. E peço mesmo.
Que outros eventos quer trazer ao Rio? Vamos entrar na disputa para fazer os Jogos Pan-Americanos de 2031, junto com Niterói.
Já está certo que teremos um grande show em maio? Teremos em maio de 2025, 2026, 2027, 2028. Isso eu posso garantir porque estou eleito até lá.
O que mais os cariocas podem esperar do primeiro ano do seu quarto mandato? Vamos começar oficialmente a transição, que será coordenada pelo vice-prefeito eleito, Eduardo Cavaliere, a partir do Impa Tech (no Porto Maravalley, hub tecnológico da prefeitura na zona portuária), para que a gente possa continuar fazendo essas formações de que a cidade precisa, inovando, trazendo sustentabilidade, cuidando das finanças, entrando mais no tema da segurança, dando continuidade àquilo que a população escolheu.
A violência é apontada por mais de 70% dos cariocas como o maior problema do Rio. Entre as propostas que o senhor apresentou na campanha estava a de armar um grupo de elite da Guarda Municipal. Isso tem data para acontecer? Dependemos da aprovação da Câmara Municipal. O que estamos construindo neste período de transição é uma proposta, eu diria, mais estruturada, para apresentar no início do ano legislativo. Mas, para que aconteça, é necessária uma mudança da Lei Orgânica.
É algo difícil de acontecer, então? Se fosse fácil, eu já tinha feito. Tem quatro anos que ando tentando. A mudança da Lei Orgânica precisa de maioria absoluta na Câmara, dois terços dos votos.
O que será feito para evitar as notícias recorrentes de enchentes e deslizamentos no período das chuvas de verão? Criamos o Plano Verão, com uma série de ações de geotecnia, dragagem de rio, instalação de sirenes, sistema de raios e dois novos radares meteorológicos, que estão conectados com o Centro de Operações.
A Lagoa está passando por um momento de revitalização, tanto das águas quanto do entorno. Qual será a atuação da prefeitura quanto aos quiosques que se transformaram em boate a céu aberto, com música alta madrugada adentro? A gente quer a cidade celebrando, viva, em festa, mas tem que respeitar as regras. Determinei ao secretário (de Ordem Pública) Brenno Carnevale e ao subprefeito que cassem alvarás de quem for reincidente. Aconteceu uma vez, o.k., faz parte, você pune e dá multa, mas chega uma hora em que tem que cassar mesmo, porque tem gente que tem repetido o erro. Isso também acontece com muitos quiosques da orla de Copacabana.
Vai ser o primeiro prefeito a mergulhar na Lagoa ou isso ainda vai demorar? Quando acabar minha sessão de Ozempic e puder botar uma sunguinha, eu mergulho. Agora, a Lagoa é um corpo hídrico no meio de uma área urbana. Vai ter sempre uma dificuldade, já que há a sujeira da cidade. Por essas características, jamais será um lugar em que a pessoa vai ficar ali nadando como se fosse a praia. Mas o garotão pode esquiar, o sujeito do remo consegue remar, o outro veleja sem ficar doente.
O genérico do Ozempic será oferecido mesmo nas Clínicas da Família? O Daniel Soranz (secretário de Saúde) me disse que em 2026 quebra a patente do Ozempic e que temos que botar na rede pública, porque toda pessoa com condições, incluindo o prefeito, tem acesso aos benefícios desse remédio, que é transformador na vida das pessoas. Eu já estou fazendo lobby com o presidente Lula e com a ministra (da Saúde) Nísia Trindade para que isso seja nacional.
Segue em dieta? Estou na fase de manutenção. Tomo Ozempic às vezes, a cada quinze dias, e estou fechando a boca durante a semana. Desde que começou a campanha, não consegui voltar a andar de bike, mas minha saúde melhorou muito. Meu colesterol estava na Lua, todas as minhas taxas, erradas. Perdi 30 quilos e acabei de fazer um check-up completo, exame de sangue, e deu tudo certo.