Até o fim do ano, a Cobal do Humaitá e a Cobal do Leblon vão passar por reformas orçadas em 4,2 milhões de reais. É a primeira iniciativa de modernização dos tradicionais hortomercados, ambos em áreas amplas e valorizadas da cidade, em meio século. A promessa é da União, que bateu o martelo: ambos vão continuar sob a administração da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e devem ser licitadas em outubro.
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A licitação prevê intervenções nos dois imóveis, revisão dos sistemas de incêndio, substituição de telhas quebradas e reforma de banheiros, entre outras áreas comuns. Cada imóvel passará a ter hidrômetro próprio. No Humaitá, o sistema elétrico das lojas já vem passando por revisão. A longo prazo, a União prevê o desenvolvimento de parceria público-privada para a gestão dos dois espaços. Outro desafio pela frente será a regularização dos contratos existentes e a reabertura de todos os seus boxes e lojas, ocupados por venda de hortifrutigranjeiros, floricultura, bares e restaurantes. Muitos estão fechados há anos, após o despejo de comerciantes que não pagavam os aluguéis.
Segundo Gustavo Areal, superintendente regional da Conab do Rio, em entrevista ao jornal O Globo, 70% das lojas do Leblon e 30% dos pontos comerciais do Humaitá estão fechados. A inadimplência chega a 25% dos contratos. com a regularização dos pagamentos devidos, o faturamento anual dos dois endereços da Cobal chegaria a 7,5 milhões de reais. “Com a licitação dos espaços, a expectativa é atrair mais público e clientes e também gerar mais receitas. Poderíamos arrecadar 8,2 milhões de reais, fora a receita com as áreas de estacionamento”, disse ele. Os contratos teriam a duração de pelo menos cinco anos. O edital ainda vai passar pela análise da assessoria jurídica do órgão. Os atuais inquilinos poderão participar da licitação, desde que não estejam inadimplentes.
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Mas o vice-presidente da Associação dos Empresários da Cobal do Leblon e do Humaitá, Enrique Reinoso, afirmou que a entidade estuda medidas jurídicas caso ocorra a licitação e inquilinos atuais tenham que deixar o local. “É injusto com quem sempre pagou alugueis e taxas em dia. Durante a pandemia, mesmo com a Cobal fechada, tivemos um reajuste de aluguel que chegou a 51%. Como sair daqui sem discutir questões como indenização por perda de receitas? Defendemos que haja um acordo para garantir a permanência de quem está em dia”, defendeu ele, que é proprietário do restaurante Pizza Park.
A novela dos dois endereços da Cobal é antiga, e se arrasta pelo menos desde o tombamento provisório decretado pelo então prefeito Cesar Maia, em 2008. Em um dos capítulos, chegou a envolver a possibilidade de transferência para a prefeitura ou o governo do estado.