Caiu muita água na semana passada, o que, por si só, não chega a ser notícia. O espetáculo proporcionado por raios e arco-íris riscando o céu até rendeu belas fotos nas redes sociais. Longe do mundo virtual, no entanto, a vida não é faiscante e colorida o tempo todo, por toda parte. Pancadas de chuva com hora marcada, entre o fim da tarde e o começo da noite, nos primeiros dias da semana, deixaram o Rio de Janeiro em estado de atenção de segunda a quarta-feira — a expressão define o nível 2 de alerta meteorológico, em uma escala de três opções, emitido pelo Centro de Operações da prefeitura. Na segunda (15), o estrago espalhou-se de forma democrática: houve alagamentos, com prejuízos para o trânsito, no Centro, na Zona Norte, no Leblon e na Barra. No dia seguinte, a volta do aguaceiro voltou-se para os suspeitos geográficos de sempre. Penha, Irajá e Méier foram bastante castigados, e grandes poças atravancaram a Avenida Brasil. Na emergência do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, uma goteira transformou-se em grossa cascata d’água. Naquele mesmo dia, ganhou o YouTube o vídeo intitulado “Tsunami na Pavuna”. As imagens flagraram uma inusitada pororoca de águas barrentas avançando sobre os trilhos da estação de metrô naquele bairro da Zona Suburbana. No terceiro dia seguido de chuvarada, o metrô sofreu novamente, com a interrupção momentânea de um trecho da Linha 2. Caiu granizo em Realengo e uma tempestade de cinema varreu uma área do NorteShopping. Treze vias, entre as quais a Linha Amarela, foram interditadas por queda de árvores. Chuva não é notícia, de fato, mas os estragos provocados por temporais repetidas vezes, e nos mesmos lugares, revela muito sobre a cidade.